A declaração do ministro da Justiça ocorre em meio ao caso do atirador de Novo Hamburgo.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, comentou nesta quarta-feira (23) que o crime em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, onde um atirador assassinou seu pai, irmão e um policial, é consequência da disseminação de armas no Brasil.
Lewandowski anunciou que sua pasta irá reexaminar todos os registros de Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores (CAC) a partir do próximo ano, realizando uma triagem rigorosa. As investigações indicam que Edison Fernando Crippa, 45 anos, conseguiu a arma como CAC mesmo tendo um histórico de esquizofrenia.
– É lamentável o que ocorreu em Novo Hamburgo. Acreditamos que isso é o resultado da distribuição descontrolada de armas de fogo na sociedade brasileira – afirmou Lewandowski.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) utilizou seu perfil no X para se manifestar contra a proliferação das armas de fogo em decorrência desse caso.
– O trágico episódio ocorreu após denúncias de maus-tratos contra um casal de idosos na casa do atirador, que possuía quatro armas registradas em seu nome. Isso não pode ser normalizado: a distribuição indiscriminada de armamentos na sociedade, com grande parte deles caindo nas mãos do crime, é inaceitável – escreveu o petista.
De acordo com Lewandowski, a partir do dia 1.º de janeiro, quando a regulamentação de CACs passa do Exército para a Polícia Federal, a pasta vai reavaliar os registros.
– Vamos reexaminar, reavaliar a situação, quando vier para nós, de cada um dos CACs. E vamos fazer uma triagem rigorosa para saber se realmente a pessoa que se diz filiada a um desses CACs tem antecedentes criminais, se tem condições psicológicas, se tem condições técnicas para portar uma arma – disse.
Lewandowski minimizou críticas ao Exército, que hoje faz a gestão dos CACs e ponderou que o grande número de registros pode dificultar o trabalho. Em dezembro de 2022, os CACs tinham 1.277 170 armas registradas. Em junho de 2024, eram 1.366.845. Os dados foram obtidos pelo Estadão junto ao Exército, por meio de um pedido de Lei de Acesso à Informação.
– Não que o Exército brasileiro não tenha tomado seus cuidados. Certamente toma, mas é que o número de CACs é tão grande aqui no Brasil que talvez tenha alguma dificuldade técnica para fazer um controle mais rigoroso – ponderou.
O ministro garantiu que a partir do momento em que os registros ficarem sob fiscalização da Polícia Federal, a pasta será “extremamente rigorosa”.
O ataque em Novo Hamburgo foi iniciado por volta das 23 horas da última terça-feira (22), e terminou somente na manhã desta quarta. Durante esse período, o atirador manteve parentes sob cárcere privado e abriu fogo contra policiais. O ataque resultou na morte do pai e do irmão do atirador, além do policial militar Everton Kirsch Júnior, de 31 anos.
O atirador foi encontrado morto dentro de casa. A troca de tiros resultou em nove feridos, entre familiares, policiais militares e um guarda municipal.
O ministro da Justiça comentou o caso durante coletiva de imprensa em Brasília, após assinar novas portarias declaratórias de sete terras indígenas.
Com informações: AE