O fim das coligações proporcionais, aquelas onde os partidos se juntavam para lançar nomes para a disputa de cadeiras nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas, Câmara dos Deputados e Câmara Distrital, gerou um fenômeno de sobrevivência não apenas das legenda, mas, sobretudo, dos seus caciques políticos: as eleições de 2022 terão número maior de candidatos a deputado estadual e deputado federal na comparação com a disputa de 2018, o que fará com que o volume de votos conquistados por cada candidato fique menor já que serão mais nomes disputando os mesmos eleitores e as mesmas cadeiras. Em 2018, por exemplo, o Tribuna Regional Eleitoral (TRE) de Mato Grosso do Sul homologou os nomes de 122 candidatos a deputado federal e nas eleições de 2 de outubro deste ano serão 160 nomes disputando as mesmas 8 vagas na bancada federal. São quase 40 candidatos a mais, contudo, quantidade nem sempre significa qualidade e muitos deverão morrer abraçados com o fim das coligações. Em 2018, por exemplo, último ano da coligação proporcional, os partidos PPS, PROS, SOLIDARIEDADE, PSB, PTB, AVANTE, PSL e PMN se juntaram e conseguiram eleger dois deputados federais: Luiz Ovando (PSL) e Tio Trutis (PSL). Outra coligação juntou PSDB, PATRIÓTA, PSD, PMB, DEM e PP para eleger quatro deputados federais: Fábio Trad (PSD), Tereza Cristina (DEM), Beto Pereira (PSDB) e Rose Modesto (PSDB). Uma terceira coligação juntou PDT, PRB e PODEMOS para eleger um deputado federal: Dagoberto Nogueira (PDT). O único partido que não se coligou em 2018 foi o PT, que ainda assim elegeu Vander Loubet para mais um mandato. Neste ano, será cada partido por si e sem coligação as legendas nanicas, sobretudo aquelas que sempre serviram de partido de aluguel, não conseguirão eleger nenhum deputado federal, ficando distante da cláusula de barreira e perdendo cada vez mais espaço no Congresso Nacional. Vai vendo!
Desempenho Tucano
O PSDB, que foi a legenda que melhor se preparou para a disputa por cadeiras na bancada federal, tem entre seus candidatos nomes como Beto Pereira, Gerado Resende e Dagoberto Nogueira, mas dificilmente conseguirá eleger os três porque para isso precisaria, sozinho, conquistar cerca de 380 mil votos. Nem o astro Tom Cruise, com seu clássico Missão Impossível, seria capaz de tamanha proeza! Nas eleições de 2018, Beto Pereira conseguiu 80.500 votos, Geraldo Resende ficou com 61.675 votos e Dagoberto recebeu 40.233 votos. A soma dos votos dos três hoje seria suficiente para eleger apenas um deputado. Espia só!
Partidos Empacados
Resultado mais prático do fim das coligações proporcionais é que partidos que estiveram juntos em 2018 e elegeram dois deputados pela coligação, não chegarão a lugar algum em 2022: PPS, PROS, SOLIDARIEDADE, PSB, PTB, AVANTE e PMN serão meros figurantes. Juntos com eles, tantas outras legendas nanicas ficarão pelo caminho e estarão em situação cada vez mais complicada. Quem entende do riscado, garante que os 8 deputados federais que formam a bancada de Mato Grosso do Sul sairão do PSDB (2), PSD (1), PT (1), PP (1), MDB (1), Podemos (1) e PL (1). Quem viver, verá!
Quociente Eleitoral
Para eleger um deputado federal em Mato Grosso do Sul o partido precisará fazer 150 mil votos com 9 candidatos, sendo 3 mulheres em razão da cota de gênero. Sozinha, a deputada federal Rose Modesto conquistou 120.901 votos pelo PSDB em 2018, mas em virtude do elevado número de candidatos dificilmente repetiria o desempenho se estivesse na disputa em 2022. A deputada é candidata ao governo do Estado pelo União Brasil e tenta transferir parte do seu espólio político para o Dr. Guto, candidato a deputado federal pelo Podemos. “Quero que minha cadeira na Câmara dos Deputados seja ocupada pelo Dr. Guto e vou trabalhar para que isso ocorra”, tem dito Rose Modesto nas reuniões que vem realizado de olho no comando do Parque dos Poderes.
Dificuldade Estadual
Se a vida dos candidatos a deputado federal não está fácil, o mesmo pode se dizer daqueles que vão disputar as 24 cadeiras na Assembleia Legislativa. Em 2018, o Tribunal Regional Eleitoral homologou 337 nomes para deputado estadual e neste ano são 393 pedidos de registro de candidatura, ou seja, quase 50 candidatos a mais disputando o mesmo número de vagas. Foram da disputa neste ano em razão da candidatura ao governo do Estado, o Capitão Contar recebeu 78.930 votos em 2018, enquanto o Coronel David foi o segundo mais votado com 45.903 votos. Neste ano, dificilmente o deputado estadual mais votado terá mais de 35 mil votos.
Desempenho Ameaçado
Terceiro mais votado em 2018, o bicheiro Jamilson Name saiu das urnas com 33.870 votos, mas encontrará dificuldades para repetir o desempenho em 2022 em razão dos fios desencapados que deixou nas eleições passadas. Em Dourados, por exemplo, tem gente que até hoje tem acertos para serem feitos com o herdeiro do clã Name, mas que nem se aventura a cobrar. Quem também terá dificuldades para repetir a votação é o deputado estadual Renato Câmara, que terá na sua cola o prefeito de Ivinhema com a missão de pagar o dobro por cada voto que o emedebista conseguir no Vale do Ivinhema.
Desempenho Mantido
Com 30.788 votos nas eleições de 2018, o deputado estadual Zé Teixeira vai gastar algumas boiadas para ser o mais votado em 2022 e para isso conta com a ajuda do governador Reinaldo Azambuja, que o levou para o PSDB com essa promessa. O deputado estadual Lídio Lopes saiu das urnas 27.877 votos e nestas eleições tentará pegar carona no desempenho da esposa, que assumiu a Prefeitura de Campo Grande no lugar do libidinoso Marquinhos Trad. Já o presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Corrêa, que nunca escondeu a frustração com os 27.664 votos recebidos em 2018, fará de tudo e mais um pouco para disputar o posto de mais votado.
Eleitos pela Coligação
Eleitos graças à coligação de partidos em 2018, agora que as chapas serão puras nomes como Pedro Kemp, que recebeu 20.969 votos; Londres Machado, com 20.782 votos; Neno Razuk, com 19.472 votos; Herculano Borges, com 17.731 votos; Gerson Claro, com 16.374 votos; Antonio Vaz, com 16.224 votos; Evander Vendramini, com 12.627 votos; Lucas de Lima, com 12.391 e João Henrique, com 11.010 votos, precisarão melhorar muito o desempenho e torcer para que os demais candidatos do partido também se saiam bem para conseguirem mais um mandato na Assembleia Legislativa. Nunca é demais lembrar, que cálculos do Tribunal Regional Eleitoral colocam o quociente eleitoral entre 45 mil e 50 mil votos para eleger um deputado. Vai vendo!
Cenário Nacional
Números finalizados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmam que o Brasil terá 12 candidatos a presidente da República, 223 candidatos a governador, 234 candidatos ao Senado Federal, 10.300 candidatos a deputado federal, 16.294 candidatos a deputado estadual e 591 candidatos a deputado distrital. Todo esse povo terá R$ 4,96 bilhões dos cofres públicos para gastar em campanha através do Fundo Eleitoral, mas a estimativa é que as eleições movimentem mais de R$ 15 bilhões, já que para R$ 1 que recebe de repasse oficial os candidatos gastem, em média, outros R$ 2.
Cenário Estadual
Já o Tribunal Regional Eleitoral aponta que a cadeira do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) será disputada por 8 candidatos no primeiro turno. São eles: Adonis Marcos (PSOL, André Puccinelli (MDB), Capitão Contar (PRTB), Eduardo Riedel (PSDB), Giselle Marques (PT), Magno Souza (PCO), Marquinhos Trad (PSD) e Rose Modesto (União Brasil). Nas eleições de 2018, a corrida ao governo do Estado teve seis candidatos: Humberto Amaducci, João Alfredo Danieze, Junior Mochi, Marcelo Bluma, Odilon de Oliveira e Reinaldo Azambuja.