O “Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira” (Revalida) é promovido pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) com o propósito de reconhecer o diploma de graduação em medicina de profissionais formados em universidades estrangeiras. A origem dos certificados dos candidatos que participarão da primeira edição da prova de 2024 ainda não foi revelada pelo INEP, mas nos últimos anos tem se destacado o número de médicos formados em universidades localizadas no Paraguai.
São encontradas no mínimo 16 instituições de ensino superior apenas nas localidades limítrofes com o Brasil, sendo a maioria delas situadas em Pedro Juan Caballero (vizinha de Ponta Porã/MS) e Ciudad del Este (fronteira com Foz do Iguaçu/PR).
Não há dados oficiais sobre o número de brasileiros estudando medicina no Paraguai. No entanto, agências de imigração e jornais de países vizinhos citam entre 40 e 45 mil brasileiros. Luciano Stremmel Barros, diretor do Instituto de Desenvolvimento de Fronteiras Econômicas e Sociais (IDESF), explicou que esse fenômeno começou a aparecer com mais frequência na década de 2000. “Antes era comum ver brasileiros indo para países como Argentina, Bolívia e Cuba para estudar medicina. Mas no Paraguai os estudantes moram no Brasil e estudam no país vizinho, então a mensalidade é mais barata e, como é muito comum, “Vemos uma oportunidade de atrair brasileiros do nosso país vizinho.” Como resultado, houve um movimento migratório de estudantes de todo o Brasil para o Paraguai para estudar medicina. Luciano também enfatizou que isto tem implicações significativas para as cidades fronteiriças em todos os setores de serviços em que operam. “A atenção das autoridades públicas é necessária para garantir condições para que os governos locais forneçam bons serviços e para garantir a sensibilidade das cidades fronteiriças em termos de recursos e infra-estruturas, porque na maioria dos casos estas populações flutuantes não são identificadas .a partir do censo.”
“É necessário também pensar em aspectos inovadores relacionados com o tema do diálogo e da cooperação entre os dois países para a troca de conhecimentos, cujos benefícios incluem, por exemplo, a criação de hospitais e outros serviços de saúde e a prestação deste por um determinado período de tempo em territórios brasileiros onde não há assistência médica. Por favor, cuidem de fato de seus futuros médicos.”
Camila Escudero, coordenadora da Plataforma Brasil no Exterior e uma das principais pesquisadoras do tema, explica a possibilidade de recertificação do diploma. “Atualmente existem duas vias: pela plataforma Carolina Bori (criada em 2017 e utilizada para reconhecer diplomas emitidos no exterior em todas as áreas do conhecimento) e pelo exame nacional para ampliação do curso de medicina acelerado Revalida, especialmente desenvolvido para formação. , de acordo com os dados, dos 6.301 candidatos inscritos de 2011 a 2021, 1.706 pessoas receberam a primeira aprovação e 1.032 das 1.644 pessoas receberam a segunda aprovação. Com a plataforma Carolina Bori a coisa fica ainda mais séria. De 2017 a 2023, apenas 6 dos 1.005 candidatos que solicitaram a verificação de diploma pela plataforma foram aprovados. Esses dados são do Ministério da Educação (MEC) e do INEP”.
Camilla também pensou nesta informação e no fenômeno relacionado a esse assunto. “Isso reflete uma série de questões mais amplas, incluindo 1) a vulnerabilidade do processo migratório e a falta de políticas públicas para atender às necessidades desta população, e 2) a invisibilidade deste grupo apesar da demanda por profissionais de saúde no Brasil. 3) O Brasil possui um sistema de ensino bi-nacional voltado para medicina, que não atende às necessidades dos alunos (devido às altas mensalidades ou dificuldades de matrícula). no Paraguai (com cursos compostos por currículo, infraestrutura e corpo docente que acabam por não oferecer oportunidades de trabalho em outros países, levantando questões sobre a qualidade do que é oferecido). 4) Além disso, e por último, as questões do preconceito de classe, da xenofobia, do racismo e dos estereótipos sociais que afectam ambos os países.
A prova de revalidação é composta por questões dissertativas e de múltipla escolha. Aqueles que passarem na etapa 1 farão o exame prático. As provas deste fim de semana incluem Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Recife (PE) e Rio Branco (AC). Salvador (BA), São Paulo (SP).