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iFood: 93% dos entregadores ficarão de fora da Previdência

por Alexandro Zinho
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A declaração da empresa é uma crítica à proposta do governo Lula.

O vice-presidente jurídico e de políticas públicas do iFood, Lucas Pittioni, declarou que, se a alíquota previdenciária para entregadores for a mesma que a de motoristas, apenas 7% dos entregadores terão acesso à Previdência.

A comparação foi feita com o projeto enviado ao Congresso Nacional pelo presidente Lula (PT) nesta segunda-feira (4), estabelecendo a contribuição de 7,5% para os motoristas de aplicativos e 20% para as empresas como Uber e 99.

Pittioni disse à Folha de São Paulo que 93% dos entregadores teriam de desembolsar valores para alcançar o mínimo de R$ 105 exigido como piso do recolhimento mensal para ter direito a benefícios do INSS, como auxílio doença, auxílio maternidade e aposentadoria.

– É uma proposta que desagrada a plataforma, porque ela aumenta drasticamente o custo da operação sem trazer nenhuma contrapartida – declarou o representante do maior aplicativo de entrega.

Segundo ele, os trabalhadores também não estão satisfeitos com a possível regulamentação do governo.

– Ela desagrada igualmente o trabalhador, porque ele não vai pagar essa quantia para o governo e não ser efetivamente incluído na previdência. Vamos seguir defendendo que existem modelos mais adequados.

IFOOD X GOVERNO LULA

O presidente Lula disse que irá “encher o saco” até que o iFood aceite negociar com o governo a regulamentação do trabalho dos entregadores. Segundo ele, a empresa estaria evitando uma negociação para ajudar a construir uma regulamentação para os entregadores.

No evento desta segunda, o petista enviou um recado direto para o CEO da empresa, Fabricio Bloisi, sem citá-lo nominalmente, dizendo que iria convencê-lo a sentar em uma mesa de reunião e fazer um grande acordo com o governo.

– Nós vamos encher tanto o saco que o Ifood vai ter que negociar para fazer aquilo que vocês fizeram junto ao transporte.

O ministro da pasta, Luiz Marinho, também criticou o iFood. Segundo ele, a empresa envia muitos recados por meio de autoridades para discutir a regulamentação do setor, mas não discute o tema pessoalmente.

– Não adianta o iFood mandar recado… E olha que manda recado, viu, presidente… Nós conversamos o ano inteiro, mas o fato é que o iFood e as demais, Mercado Livre, enfim… que diziam que o padrão dessa negociação não cabe no seu modelo de negócio – disse o ministro do Trabalho.

Em resposta, por meio de uma nota, o iFood nega a informação de que não quer negociar com o governo e diz que defende uma proposta digna para os entregadores.

– O iFood esclarece que não é verdadeira a fala do ministro Luiz Marinho de que a empresa não quer negociar uma proposta digna para entregadores. O iFood participou ativamente do Grupo de Trabalho Tripartite e negociou um desenho regulatório para os entregadores até o seu encerramento – destacou o aplicativo.

E acrescentou:

– A última proposta feita pelo próprio ministro Marinho, com ganhos de R$ 17 por hora trabalhada, foi integralmente aceita pelo iFood. Depois disso, o governo priorizou a discussão com os motoristas, que encontrava menos divergência na bancada dos trabalhadores.

A empresa também afirmou que apoia uma regulamentação do setor desde 2021.

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