A informação da denúncia foi anunciada pelo governador em sua conta no Twitter nesta quinta-feira.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), denunciou no Ministério Público o o ex-deputado federal Jean Wyllys por declarações homofóbicas.
O advogado de Jean Wyllys, Lucas Mourão, afirmou que não tem conhecimento da representação. Ele acrescenta que “não houve qualquer comunicação oficial a respeito, motivo pelo qual não é possível comentar”.
A denúncia foi feita na quarta-feira (19) após um bate-boca entre os dois no Twitter. Wyllys criticava a decisão do governo do RS de manter as escolas cívico-militares e disse que “gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes”.
A informação da denúncia foi anunciada pelo governador em sua conta no Twitter nesta quinta-feira.
“Não interessa se é da direita ou da esquerda. Não interessa a cor da bandeira que carrega. O que importa é que homofobia, preconceito, discriminação não podem ser tolerados. A sociedade que a gente defende é uma sociedade de respeito, de tolerância, em que as pessoas sejam julgadas pelo seu caráter, pela sua capacidade, pela sua honestidade, não pela cor da pele, não pela crença religiosa, não pela orientação sexual. Homofobia, venha do lado que vier, preconceito e discriminação, venha do lado que vier, da cor da bandeira que cada um segurar, não pode ser tolerado e por isso eu faço essa representação junto ao Ministério Público”, disse Eduardo Leite em um vídeo postado no Twitter.
Leite e Wyllys discutiram no Twitter na última sexta-feira (14) após o g1 ter publicado uma notícia de que o estado vai manter as escolas cívico-militares. O bate-boca gerou quase 4 milhões de visualizações e dominou os assuntos em alta no dia nos últimos dias.
Eduardo Leite publicou em seu perfil no Twitter um print da reportagem do g1 e disse que o governo do Rio Grande do Sul iria manter as escolas cívico-militares. Atualmente, há 18 instituições estaduais nesse modelo.
Jean Wyllys fez uma publicação em resposta a de Leite, acompanhada de um print da postagem do governador, criticando a medida, mas, principalmente, o fato da decisão ter partido de um político assumidamente gay.
Leite foi o primeiro presidenciável a admitir publicamente sua homossexualidade. Isso ocorreu em 2021, durante entrevista a Pedro Bial.
Para tentar explicar a razão do governador gaúcho ter mantido as escolas cívico-militares, disse que se tratava de “homofobia internalizada”.
“Que governadores heteros de direita e extrema-direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay…? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico então… Tá feio, bee!”, diz o tweet.
Leite chamou Wyllys de “ignorante”, pois sua fala “em nada contribui para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância”.
Para Leite, que já disse ser um “governador gay” e não um “gay governador”, as pautas LGBTQIA+ não entram em conflito com a defesa de uma política de manutenção, por exemplo, de um programa cívico-militar, apesar do histórico de embate entre os grupos.
“Nesse Brasil com pouca integridade, nesse momento, a gente precisa debater o que se é, para que se fique claro e não se tenha nada a esconder”, disse em entrevista a Bial.
Criado em 2019, o programa de escolas cívico-militares permitia a transformação de escolas públicas para o modelo cívico-militar. O formato propunha que educadores civis ficassem responsáveis pela parte pedagógica, enquanto a gestão administrativa passava para os militares.
O governo federal decidiu encerrar o Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares (Pecim). Apesar disso, o governo do RS decidiu manter nesse modelo as escolas que já operavam com ele.
Apesar de ter permanecido em vigor durante todo o governo de Jair Bolsonaro, a militarização da educação no Brasil já foi colocada em prática durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva por dois de seus ministros na época: Rui Costa e Flávio Dino.
Jean Wyllys retornou ao Brasil no final de junho, depois de quatro anos no exterior. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu no dia 6 deste mês o ex-deputado.
Em 2019, primeiro ano da gestão Jair Bolsonaro, ele abriu mão do mandato na Câmara e decidiu deixar o país.
Na ocasião, ele disse que estava recebendo várias ameaças de morte, que se intensificaram após o assassinato da então vereadora Marielle Franco (PSOL), em 2018.
No período em que esteve fora do Brasil, o ex-deputado fez um doutorado em Barcelona, na Espanha.
Com informaçoes: G1/RS