O objetivo foi levar à população indígena serviços essenciais para o exercício da cidadania.
A comunidade indígena de Amambai recebeu a 2ª edição do MS em Ação: Segurança e Cidadania, entre os dias 25 e 26 de agosto. O objetivo foi levar à população indígena serviços essenciais para o exercício da cidadania. A ação uniu esforços de instituições federais, estaduais e municipais, Poder Judiciário, além de outras entidades.
Durante os dois dias da ação inclusiva e transversal organizada pela Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) com apoio da Setescc (Secretaria de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), mais de 2 mil documentos foram emitidos. “Foi uma ação completa, que levou em consideração a cultura e as particularidades dos povos originários, respeitando cada pessoa na sua individualidade e mostrando que o governo do estado tem esse olhar sensível para todos, sem deixar ninguém para trás”, ressalta a secretaria-adjunta da Setescc, Viviane Luiza.
Para a diretora da Escola Municipal Indígena MBO’eroy Guarani Kaiowá, Daiane Cáceres, ver tantas pessoas tendo seus direitos garantidos é muito emocionante. “Muitos dos nossos alunos não possuem CPF, registro de nascimento, que são documentos essenciais para qualquer tipo de atendimento, desde a escola até a saúde. Essa ação veio para melhorar a qualidade de vida do cidadão indígena, que agora poderá ter acesso aos serviços básicos, que a sociedade tem e que muitas vezes o indígena não tem acesso”.
Ela completa ainda que as famílias sabem da importância da documentação como certidão de nascimento, uma vez que o RANI (Registro Administrativo de Nascimento Indígena), por si só, não tem o mesmo valor. “As famílias vieram em peso para poder organizar e regularizar a vida dessas crianças, eu vejo a satisfação, é uma entrega de cidadania mesmo, pois a comunidade se identifica como Guarani-Kaiowá, mas também como cidadãos brasileiros”, finaliza.
Vale ressaltar que a documentação básica, como RG (Carteira de Identidade), CPF (Cadastro de Pessoa Física), são essenciais para a inclusão dessas famílias em programas assistenciais do Estado e do Governo Federal.
Moradora da Aldeias Limão Verde, Adélia Bário, procurou o serviço para realizar o registro tardio do pequeno Arthur. “Eu saio daqui muito feliz, agradeço vocês pela oportunidade, meu filho precisa do registro porque ele tem que estudar, para ter direito a saúde, e ele já vai completar dois anos.”
Já a família da dona Lucimara Alziro, moradores da Aldeia Jaguari, estiveram na ação para a emissão da Carteira de Identidade, CPF e o título de eleitor. “Vim fazer os documentos dos meus filhos e o meu título de eleitor. Essa ação aqui ajuda todo mundo, não é para uma pessoa só, e nós estamos felizes. Eu com 40 anos vou votar pela primeira vez na próxima eleição”, explica.
Empatia e tradução
A agente de saúde, da comunidade Miriam Morales Rocha, 43 anos e trabalhando a 10 com as famílias, estava trabalhando como voluntária na ação ajudando na tradução para a língua mãe.
“Aqui tem bastante gente que não fala português, que só falam guarani, então eu estou aqui para ajudar. Eles falam em guarani e eu traduzo para o português e do espanhol para o português, pois tem muitos que falam espanhol pela região próxima da fronteira. E auxiliar quem vem aqui trazer os serviços e os moradores é fundamental para que os serviços aconteçam.
Vale ressaltar que nos mais de 20 serviços ofertados todos contavam com o serviço de tradução, respeitando a população indígena do local. Arsênio Vasquez, cacique da Aldeia Amambai na ocasião, não controlou a emoção. “Tantos serviços aqui que trazem e garantem a cidadania da gente, eu e as demais lideranças e toda a comunidade agradecemos de coração. Por que é difícil a gente ter um atendimento desse aqui. Eu agradeço o nosso Governador, por olhar para nós e mandar representantes aqui para nos dar direitos”.