O mês de março estava terminando quando a coluna postou a seguinte informação: será no dia 7 de abril, das 9h às 17h, na Câmara de Vereadores de Dourados, que o Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores realizará as prévias partidárias para escolher entre o petista raiz, vereador Elias Ishy, e o petista Nutela, professor Tiago Botelho, quem vai disputar a Prefeitura de Dourados. Com fama de ser mais rápido que o ex-piloto Rubinho Barrichello, o vereador Elias Ishy até parece ter entrado na disputa para perder, já que a Malagueta apurou que os esforços dele em busca de apoio junto aos mais de 2.500 filiados com direito a voto tem sido devagar, quase parando. Por outro lado, turbinado pelo apoio de João Grandão, Zeca do PT, Vander Loubet, Laerte Tetila e grande elenco, o professor Tiago Botelho está gastando sola de sapato e saliva. Em conversa com petistas mais antigos e que estão participando do processo eleitoral interno do Partido dos Trabalhadores em Dourados, a Malagueta apurou que a vitória nas prévias petistas ficará com o Nutela. Pois então, as prévias ocorreram ontem e aconteceu justamente o que a coluna havia antecipado: Tiago Botelho foi o escolhido por 293 votos, contra apenas 88 votos dados a Elias Ishy. No fundo, o resultado foi uma saída honrosa para o vereador que já teve algumas oportunidades de disputar a Prefeitura de Dourados e sempre decepcionou os eleitores do PT. Dessa vez, mesmo liderando com ampla vantagem uma pesquisa de intenção de votos contratada pela Executiva Estadual do partido, Elias Ishy fez corpo mole e entrou nas prévias preparado para perder. Se bobear, até ele votou no petista Nutela ontem e depois se reuniu com alguns petistas raiz, como Margarida Gaigher e Tenente Pedro para jantar no Restaurante Grilo, numa farta mesa regada a vinho, cerveja e gargalhadas. Quem presenciou o regabofe se perguntou: estavam comemorando o que?
Derrota Celebrada
Se os 293 petistas que votaram em Tiago Botelho ficaram felizes com o desempenho do moço nas prévias, imagina como ficou o povo de Campo Grande que trabalhou intensamente para que o escolhido fosse o professor universitário. Em tempo: o povo de Campo Grande não tem nada a ver com o Diretório Estadual do PT, pelo contrário. O raciocínio por lá é uma só: entre enfrentar um candidato petista histórico, que já foi testado e aprovado nas urnas, e ter como candidato a prefeito alguém praticamente desconhecido da massa, é melhor ficar com a segunda opção.
Destino do Vereador
Fora da disputa pela Prefeitura de Dourados, o vereador Elias Ishy agora mira em mais um mandato na Câmara Municipal. A diferença é que para ficar entre os eleitos na chapa petista, o bancário terá que fazer muito mais que fez nas eleições passadas, principalmente porque não é pequena a desilusão de parte do seu eleitorado com o corpo mole que o dito cujo vez nas prévias do Partido dos Trabalhadores. Agora é rezar para fazer a candidatura do Tiago Nutela Botelho deslanchar e, com isso, levar votos para a chapa de vereadores. Vai vendo!
Campanha de Tiago
Veja essa: Tiago Botelho foi escolhido para formar número como candidato ao Senado nas eleições de 2022 e até que fez bonito, recebendo 178.041 votos em todo o Mato Grosso do Sul e ficando atrás apenas da então deputada federal Tereza Cristina Corrêa da Costa, que recebeu 829.149 votos e do ex-deputado Luiz Henrique Mandetta, com 206.093 votos. Contudo, a campanha do moço foi marcada por episódios que justificam o apelido de Nutela: o ex-prefeito Laerte Tetila e o ex-deputado João Grandão aceitaram gravar um vídeo de campanha, na Praça Antônio João, bem diante da Catedral, sob um sol escaldante e pagaram todos os seus pecados. Explico: toda vez que a produtora terminava a gravação do vídeo, Tiago Botelho pedia para olhar e desaprovava a camisa que estava usando. Trocou de camisa meia dúzia de vezes!
Disputa por Espaço
Contrariando todas as expectativas, conversas de padaria, acordos e conchavos, os vereadores Laudir Munaretto, presidente da Câmara Municipal de Dourados, e Olavo Sul, decidiram seguir filiados ao MDB mesmo com o deputado estadual Renato Câmara garantindo que não dariam legenda para a candidatura de ambos. Diz a lenda que Laudir bateu asas e foi negociar sua permanência na legenda diretamente com a cúpula nacional do partido, onde teria atuado, inclusive, como advogado do colega Olavo Sul. Agora é esperar para ver as cenas dos próximos capítulos desse faroeste caboclo, mas, por enquanto, o melhor mesmo é não chamar Laudir, Olavo e Renato Câmara para a mesma mesa!
Candidaturas Naturais
Ambos achavam que suas candidaturas a vereador seriam naturais pelo fato de já estarem filiados ao partido. Não eram! Isso porque o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) havia declarado, por unanimidade, a inconstitucionalidade de dispositivo da Lei das Eleições (Lei 9504/1997) que autorizava a chamada candidatura nata. Os ministros entenderam que a norma, prevista no parágrafo 1º do artigo 8º da Lei das Eleições, é incompatível com a Constituição Federal de 1988, por violar a isonomia entre os postulantes a cargos legislativos e a autonomia partidária.
Candidaturas dos Partidos
Com a mudança, quem decide o nome do candidato é o partido, independente se o sujeito já estava filiado no exercício do mandato. A regra anterior assegurava aos deputados federais, estaduais e distrital, aos vereadores ou aos que tivessem exercido esses cargos em qualquer período da legislatura em curso o registro de candidatura para o mesmo cargo, nas eleições seguintes, pelo partido que estivessem filiados. Em seu voto, o relator da ação, ministro Nunes Marques, afirmou que o instituto da candidatura nata, criado em 1974, no regime militar, tinha como objetivo proteger o detentor de mandato dos “solavancos” na política interna partidária.
Vereador no Liberal
Depois de ver naufraga a tentativa de assumir o comando do PSD em Dourados, que acabou nas mãos do vice-governador José Carlos Barbosinha, o vereador Marcelo Mourão foi buscar abrigo no Partido Liberal, comandado pelo deputado federal Rodolfo Garcette Nogueira, o amiguinho do Bolsonaro. Antes de aceitar a pecha de “direitão”, Marcelo Mourão tentou continuar filiado ao Podemos e bateu o pé jurando que não sairia da legenda. Até que chegou um ofício assinado pelo comando da Executiva Estadual informando que ele não teria legenda para disputar mais um mandato na Câmara.
Colecionando Vereador
A janela partidária reservou uma paisagem emblemática para o Partido Progressista, que não tinha nenhum vereador e chegou ao final da sexta-feira com 6: Cemar Arnal, Marcão da Sepriva, Daniel Júnior, Daniela Hall, Sérgio Nogueira e Jânio Miguel. A questão é: será que a chapa proporcional terá densidade eleitoral suficiente para eleger os 6? A mesma pergunta cabe ao PSDB, que terá chapa com outros 6: Marcio Pudim, Diogo Castilho, Juscelino Cabral, Liandra Brambilla, Tânia Cristina e Rogério Yuri. É por essas e outras que os entendidos do riscado garantem que a renovação no Legislativo de Dourados neste ano será superior a 50%. Vai vendo!
