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Cientistas confirmam circulação do vírus mayaro em Roraima

por Alexandro Zinho
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Descoberta acende um alerta para a possibilidade de disseminação pelo país.

Um estudo realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) confirmou a circulação do vírus mayaro (conhecido pela sigla MAYV) entre humanos no estado de Roraima. O vírus, transmitido por mosquitos silvestres, provoca a “febre do mayaro”, doença com sintomas semelhantes aos da dengue e da chikungunya.

A descoberta sobre a circulação entre pessoas, inclusive na zona urbana de Roraima, acende um alerta para a possibilidade de disseminação da doença pelo país. O achado é da bióloga Julia Forato, sob orientação do professor José Luiz Módena, da Unicamp, e da bióloga Fabiana Granja, da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

No Laboratório Central de Saúde Pública de Roraima, entre 2020 e 2021, os pesquisadores analisaram amostras de soro de mais de 800 pacientes que apresentavam um estado febril. A análise revelou a presença do mayaro em 3,4% das pessoas testadas.

No Brasil, a detecção do mayaro foi historicamente registrada em estados da Região Norte, como Acre, Pará e Amazonas. Em Roraima, até então, o vírus só havia sido detectado em animais silvestres, em áreas de transição entre zonas rurais e urbanas. Os resultados parecem, assim, indicar que o vírus está se espalhando pelas diferentes áreas da região.

TRANSMISSÃO
Considerado um arbovírus – aquele que é transmitido por mosquitos -, o mayaro tem como vetor o haemagogus janthinomys, mosquito conhecido por disseminar a febre amarela. Ele está presente em áreas silvestres, por isso, a contaminação de pessoas em áreas urbanas de Roraima levanta questões sobre a possibilidade de outros mosquitos estarem infectados com o mayaro.

– Esse vírus pode estar circulando em áreas urbanas, eventualmente sendo transmitido por outros mosquitos, que não o haemagogus. A gente não conseguiu saber qual [mosquito] neste estudo, mas acho que abre a perspectiva para explorarmos isso – conta Módena.

IMPACTOS NA SAÚDE
A febre do mayaro é uma doença de difícil diagnóstico, por ser facilmente confundida com dengue e chikungunya. No entanto, em relação à dengue, o seu principal diferencial é a maior chance de causar dor e inflamação crônica nas articulações, condição que afeta boa parte das pessoas com chikungunya.

Módena explica que a dor e o inchaço nas articulações, provocados pela doença, podem se tornar permanentes em uma grande parcela das pessoas adoecidas, afetando a sua qualidade de vida.

– A artrite crônica é bem debilitante. As pessoas podem não conseguir mais executar o seu trabalho, porque sentem muita dor – explica.

A doença também causa outros sintomas capazes de afetar o bem-estar das pessoas infectadas. De acordo com o Ministério da Saúde, os principais são: febre; dor de cabeça; dores musculares e nas articulações; inchaço nas articulações, calafrios; dor atrás dos olhos; fraqueza; cansaço; indisposição; erupção cutânea; náuseas; vômitos; e diarreia. O quadro pode durar duas semanas.

PREVENÇÃO
Segundo o Ministério da Saúde, ainda não há vacina para a doença. Por isso, para prevenir a infecção, o órgão recomenda medidas para minimizar o contato com o mosquito como evitar exposição em áreas de mata sem proteção; usar roupas compridas e repelentes; e usar mosquiteiros, principalmente em áreas rurais e silvestres; além de evitar a exposição em área afetada.

Ainda de acordo com o órgão, não há um tratamento específico para a febre do mayaro. Em caso de infecção, os pacientes devem permanecer em repouso, minimizando os sintomas com medicamentos para alívio de dor e febre.

Com informações: AE

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