O vice-governador Murilo Zauith (União Brasil) não se emenda. Sempre cercado por puxa-sacos e fofoqueiros de plantão, ele agora procura culpados pelos seus próprios erros como, por exemplo, ter deixado vazar seu encontro com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) onde discutiu a possibilidade de assumir interinamente o governo enquanto o atual chefe do Parque dos Poderes se dedicasse à campanha de Eduardo Riedel (PSDB) à sucessão estadual. Como não tem grupo político porque sempre ciscou para fora, nunca fez questão de construir um time capaz de ficar ao seu lado nos desafios que a política impõe aos grandes líderes, Murilo Zauith se alimenta de migalhas, fuxicos e puxa-saquismos daqueles que seguem ao seu lado de olho em vantagens que nem sempre são republicanas. Murilo pode espernear e procurar culpados pelo vazamento do encontro com Reinaldo Azambuja, mas o certo é que depois de tudo que ele disse sobre o governador e, principalmente, após tudo que os assessores mais próximos do governo disseram dele, o vice-governador não deveria jamais ter aceitado o encontro, sob risco de acontecer justamente o que aconteceu: vazar. Murilo até estava recuperando espaço na política sul-mato-grossense, sendo cotado como vice da deputada federal Rose Modesto (União Brasil) na disputa pelo governo do Estado, mas a questão que fica agora é uma só: como Rose e seu staff vão confiar em alguém que discutiu a possibilidade de recuar na candidatura própria do União Brasil? Como desconfiança pouca é bobagem, ainda fica a dúvida se Murilo teria discutido na reunião com Reinaldo Azambuja a possibilidade de assumir o governo e ainda trabalhar pela eleição do candidato da situação, mesmo fazendo parte da Executiva Estadual do União Brasil. O fato é que Murilo é artista nessas construções com adversários daqueles que ele deveria, pelo menos em tese, apoiar. Basta atentar para 2004 quando ajudou na campanha de Bela Barros para a prefeitura de Dourados enquanto fazia o jogo de Zeca do PT, que trabalhava pela reeleição do prefeito Laerte Tetila (PT); quando criou candidaturas laranjas para impedir a eleição de Marçal Filho para deputado federal e, mais tarde, fez o mesmo com Geraldo Resende; quando esteve na campanha de Geraldo Resende para a Prefeitura de Dourados e ajudou na campanha vitoriosa de Délia Razuk; quando esteve na campanha de José Carlos Barbosinha para a Prefeitura de Dourados e ajudou na campanha de Alan Guedes, enfim, o que não falta é histórico de engenharia de demolição na vida do engenheiro Murilo Zauith. Houve até um episódio, muito parecido com o atual, onde Murilo Zauith comandava o então Partido da Frente Liberal (PFL) em Mato Grosso do Sul e negociava a filiação do então senador Delcídio Gomes do Amaral, na época no PT, para ser candidato ao governo do Estado contra André Puccinelli (MDB). A negociata vazou, este jornalista estampou manchete no mais tradicional jornal impresso de Mato Grosso do Sul e Delcídio abortou o projeto. Mais tarde, Murilo acabou vice do próprio Puccinelli. Em tempo: Murilo já deveria saber que a Malagueta não tem patrão. Vai vendo!
Trairagem de Marquinhos
O imaculado juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PSD) é a mais nova vítima da família Trad, mais particularmente do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD), pré-candidato ao governo do Estado. Odilon dormiu pré-candidato ao Senado Federal, onde já tirava o sono da ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina Corrêa da Costa, que disputa a mesma vaga pelo Partido Progressista (PP), e acordou como estepe. Agora, se quiser, o juiz Odilon terá que se contentar entre ser candidato a vice de Marquinhos Trad ou disputar uma cadeira de deputado federal, neste caso servindo apenas de escada para a eleição de Fábio Trad, irmão do ex-prefeito.
PT com Marquinhos
O comando nacional do Partido dos Trabalhadores bateu o martelo e o PT de Mato Grosso do Sul terá que coligar com o PSD na disputa pelo governo do Estado, repetindo aliança construída em outras Unidades da Federação como em Minas Gerais, por exemplo. Dessa forma, Marquinhos deverá abrir a vaga ao senado ao professor Tiago Botelho (PT), nome preferido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a disputa. Essa construção explica o fato do PSD ter puxado o tapete do juiz Odilon, que vinha sendo anunciado como pré-candidato da legenda ao Senado Federal.
Marquinhos com PT
O fato é que a aliança imposta pelo comando nacional do PT não levará para o palanque de Marquinhos Trad todos os petistas de Mato Grosso do Sul, pelo contrário. Líderes como o ex-governador Zeca do PT, que acaba de recuperar os direitos políticos e se tornar elegível, deve colar na candidatura de Eduardo Riedel (PSDB) e levar junto um caminhão de militantes históricos da legenda. De toda forma, Marquinhos Trad ganha com a aliança entre PT e PSD, sobretudo porque terá mais tempo de televisão e, também, porque poderá ser o único palanque para Lula em Mato Grosso do Sul.
Dividindo Eleitores
Em outra frente, a possibilidade de consolidação da coligação PSD/PT para disputa do governo do Estado tira o sono dos demais candidatos. Enquanto Eduardo Riedel e Capitão Contar (PRTB) brigam para figurar como o candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-prefeito Marquinhos Trad seria sozinho o candidato de Lula, já que André Puccinelli (MDB) terá Simone Tebet como candidata a presidência da República e a deputada Rose Modesto terá o presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, disputando a sucessão de Bolsonaro. Resta saber que apoio terá maior potencial de transferência de votos na disputa pelo governo do Estado, mas essa resposta será possível somente na noite do dia 2 de outubro.
Poderoso Mandetta
Por falar em União Brasil, a Executiva Estadual do partido em Mato Grosso do Sul está oficialmente sob o comando da senadora Soraya Thronicke, da deputada federal Rose Modesto e do vice-governador Murilo Zauith, mas quem manda mesmo na legenda é o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Partiu dele a decisão de disputar o Senado Federal pelo União Brasil, mesmo com o partido já tendo definido aliança com o Podemos e com Sérgio Murilo, presidente da Executiva Estadual, tendo indicado outro nome para a chapa. Mandetta tem o aval da Executiva Nacional do União Brasil, é o queridinho do todo-poderoso ACM Neto e nem Luciano Bivar tem coragem de bater de frente com o ex-ministro. Espia só!
Mandetta e Marquinhos
O que poucos atentaram é que mesmo sendo candidato ao Senado Federal pelo União Brasil, que terá como candidata ao governo a deputada federal Rose Modesto, o ex-ministro Mandetta fará campanha para Marquinhos Trad (PSD), já que são primos de primeiro grau. Aliás, foi o então prefeito Nelsinho Trad (PSD), hoje senador da República, que levou Mandetta para a política, nomeando o mesmo secretário de Saúde da Prefeitura de Campo Grande e, mais tarde, cacifando a campanha do primo para deputado federal.
Disputando Eleitores
A deputada federal Rose Modesto, pré-candidata ao governo do Estado, e o ex-secretário de Estado de Infraestrutura, Eduardo Riedel (PSDB), também pré-candidato a sucessão de Reinaldo Azambuja (PSDB) estão em pré-campanha em Dourados nesta quarta e quinta-feira. Hoje pela manhã, escoltada pelo vice-prefeito de Dourados, Dr. Guto (Podemos), que é pré-candidato a deputado federal e pelo vice-governador Murilo Zauith, Rose Modesto inaugurou o Comitê de Campanha, que passará a funcionar somente após o registro da candidatura, após as convenções. Já Eduardo Riedel manteve contatos com lideranças, empresários e setor produtivo e à noite participa de um bate papo com jornalistas de Dourados.