Home Agronegócio Brasil quer ser autossuficiente na produção de fertilizantes e isso é bom para o mercado de Fiagros

Brasil quer ser autossuficiente na produção de fertilizantes e isso é bom para o mercado de Fiagros

por Alexandro Zinho
Compartilhe

O agro é um setor gigante que envolve a participação de diversos segmentos industriais.

Há muitas vantagens em ter um agronegócio forte. A principal delas, claro, é que ninguém vive sem se alimentar. Assim, ser autossuficiente na produção de alimentos tem um valor incalculável. Mas há outros aspectos tão importantes quanto. Entre eles o impacto que o agro tem na economia. Produzir comida hoje em dia não é como na antiguidade, em que se plantava a semente, regava, colhia e vendia in natura para as pessoas comerem. O agro é um setor gigante que envolve a participação de diversos segmentos industriais.

Um desses é o de produção de fertilizantes. O Brasil já chegou perto da autossuficiência neste insumo, mas a partir de 1992 a situação se inverteu e o país começou a importar cada vez mais. Um estudo realizado ainda no governo anterior mostra que o Brasil compra do exterior 80% dos fertilizantes de que necessita. Essa dependência é muito perigosa por duas razões.

Primeiro porque o agro é o setor que mais contribui com a balança comercial brasileira. Quando começou a guerra na Ucrânia houve grande preocupação porque boa parte dos fertilizantes eram e ainda são comprados da Rússia. O presidente em exercício na época até viajou para lá para conversar, entre outros assuntos, sobre garantias de que o comércio deste importante insumo não seria prejudicado.

A segunda razão está relacionada à própria segurança alimentar dos brasileiros. Para atender a demanda interna, o país precisa muito dos fertilizantes minerais. São eles que possibilitam essa produção em ritmo industrial. Não é por acaso que em dezembro de 2023 a Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 3507/21, que cria um programa para estimular a produção nacional de fertilizantes baseado em incentivos fiscais.

Esse programa, chamado Profert (Programa de Desenvolvimento da Indústria de Fertilizantes), e que já havia sido aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, vai beneficiar empresas com projetos para implantação, ampliação ou modernização de unidades para produção de fertilizantes e de insumos. Essa iniciativa deve impulsionar bastante o mercado de Fiagros, que são fundos de investimento em cadeias agroindustriais. Ou seja, eles atendem uma gama ampla de empreendimentos, não só a agricultura e pecuária em si, mas toda a indústria em seu entorno.

As novas fábricas de fertilizantes a serem construídas e mesmo a ampliação das já existentes vão necessitar de financiamento. Certamente o governo, por meio do BNDES e bancos públicos, não tem bala na agulha para atender a todas as solicitações. O mercado tradicional, formado pelos bancos privados, também não. Uma parte dos projetos para a construção e ampliação de novas plantas pode não conseguir recursos.

A não ser que o mercado de capitais entre em ação. E aí o Fiagro surge como ferramenta para auxiliar o Brasil a atingir o objetivo de se tornar autossuficiente – e até mesmo exportador – de fertilizantes. O curioso de tudo isso, é que o Brasil conta com enormes reservas de todos os minerais usados na produção destes insumos, não precisaria importar se tivesse uma política agrícola mais sustentável.

A matéria será analisada ainda pelas comissões de Finanças e Tributação (CFT) e pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Mas a expectativa é de que o projeto seja aprovado nessas comissões também e sancionado pelo atual presidente. A partir daí, uma nova porta de oportunidades vai se abrir para os gestores de Fiagros, seus investidores e, principalmente para o agronegócio nacional que produzirá com ainda mais segurança e sem riscos causados por guerras, mudanças políticas ou simplesmente oscilações do dólar.

André Ito é CEO da MAV Capital

Fonte: Compliance Comunicação

Compartilhe

Esse site usa cookies para melhorar sua experiência. Nós assumimos que você ta ok com isso, porém você também não aceitar. Eu aceito. Não aceito.

Olá, como posso te ajudar?