O dólar à vista fechou em baixa ante o real nesta quinta-feira, novamente abaixo dos 4,90 reais, na esteira da queda firme da moeda norte-americana no exterior e com as cotações também refletindo certo otimismo dos investidores com a economia brasileira, após avanços da pauta do governo no Congresso.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8880 reais na venda, em baixa de 0,48%. Em dezembro, a moeda norte-americana acumula queda de 0,56%.
Na B3, às 17:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,59%, a 4,8865 reais.
A moeda norte-americana oscilou em baixa ante o real durante toda a sessão. No início do dia, às 9h06, marcou a cotação máxima de 4,9010 reais (-0,22%), enquanto os investidores ponderavam, de um lado, a divulgação das novas projeções econômicas do Banco Central e aguardavam, de outro, o anúncio de novos dados econômicos nos EUA.
O Relatório de Inflação do BC mostrou que a instituição elevou de 2,9% para 3,0% a projeção de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, mas reduziu de 1,8% para 1,7% a projeção de avanço em 2024.
O documento também trouxe uma forte revisão, para melhor, da chance de a inflação estourar o teto da meta neste ano, com o BC passando a projetar que a probabilidade de o IPCA superar o limite superior de 4,75% da banda de tolerância está em 17%, contra 67% estimados em setembro.
Além disso, a projeção de déficit nas transações correntes em 2023 foi de 36 bilhões para 26 bilhões de dólares, graças a uma melhora dos números da balança comercial. No caso de 2024, o déficit em transações correntes projetado foi de 37 bilhões para 35 bilhões de dólares.
Os números do BC sugerem uma situação relativamente confortável para as contas externas, já que apenas as projeções de Investimento Direto no País (IDP) indicam, na outra ponta, entradas de 60 bilhões de dólares no Brasil em 2023 e de 70 bilhões de dólares em 2024.
A baixa do dólar estava em sintonia com o recuo da divisa dos EUA também no exterior, tanto em relação às moedas fortes quanto em relação às moedas de emergentes e exportadores de commodities. Por trás do movimento estava novamente a queda dos rendimentos dos Treasuries – mantida até a metade da tarde — em meio às apostas de que o Federal Reserve caminha para cortar juros em março de 2024.
Alguns números sobre a economia dos EUA, divulgados na primeira metade do dia, corroboravam esta expectativa. O Departamento do Trabalho dos EUA informou que o elemento de gastos do consumidor do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre foi revisado para baixo, de 3,6% para 3,1%, enquanto o crescimento geral do PIB sofreu ajuste de 5,2% para 4,9%.
De acordo com Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, a baixa do dólar também era justificada por certo otimismo dos investidores com a área fiscal brasileira. Na quarta-feira, o Congresso promulgou a reforma tributária, enquanto o Senado concluiu a aprovação da Medida Provisória das subvenções e dos Juros sob Capital Próprio (JCP), que promete reforçar o caixa do governo.
Na mínima da sessão, às 13h32, o dólar atingiu 4,8636 reais (-0,98 %). Durante a tarde, a moeda dos EUA recuperou parte da força ante o real, mas ainda assim encerrou o dia em baixa, colado ao exterior.
Às 17:12 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,54%, a 101,860.
Pela manhã, durante a apresentação do Relatório de Inflação, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, também abordou o câmbio no Brasil. Ele chamou atenção para o fato de que a volatilidade tem sido baixa e disse que o real se mostra uma moeda “bastante resiliente”.
“O Brasil é sério candidato a receber fluxo de investimentos mais perene”, acrescentou, lembrando que, se isso de fato se materializar, o câmbio tende a ser beneficiado.
Também pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de fevereiro.
Fonte: Reuters