Ele disse que não se manifestaria sobre o depoimento feito à PF pois a investigação corre em segredo de Justiça.
O advogado Frederick Wassef prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (31). Ele chegou à superintendência da PF, em São Paulo, por volta das 11h e saiu às 15h, após depor sobre o caso das joias. Ao deixar o prédio da PF, Wassef informou que não se manifestaria sobre o depoimento feito à PF, uma vez que as investigações estão sob segredo de justiça. No entanto, dizendo que falava apenas sobre o passado, reforçou a alegação de que comprou um relógio Rolex para devolver à União e disse que jamais mudou essa versão.
Wassef relatou que ficou sabendo do episódio das joias por meio da imprensa, que revelou a história em março deste ano. Ao falar com os jornalistas na sede da PF, ele também acusou parte da imprensa de persegui-lo.
– Estou sendo perseguido por alguns jornalistas que não agem com compromisso com a verdade – declarou.
Antes do depoimento, Wassef já havia afirmado que tem “sido vítima de uma campanha covarde de fake news”.
– Estou absolutamente tranquilo, jamais cometi qualquer irregularidade ou ilícito.
Wassef, que se apresenta como o “advogado oficial” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é uma das oito pessoas intimadas a depor nesta quinta no âmbito das investigações sobre o suposto esquema de venda ilegal de bens entregues a autoridades brasileiras em missões oficiais.
O advogado, porém, foi o único a depor em São Paulo. Os demais intimados prestaram depoimento na sede da PF, em Brasília. Os depoimentos foram marcados de forma simultânea, uma estratégia utilizada pela Policia Federal para evitar a chance de uma combinação de versões entre os investigados.
Além de Wassef, foram interrogados pela PF o ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro César Barbosa Cid, o general do Exército Mauro César Lourena Cid, o ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten e os assessores do ex-presidente Marcelo Câmara e Osmar Crivelatti.
Em Brasília, Bolsonaro, Michelle e Wajngarten ficaram em silêncio no depoimento, argumentando que o caso deveria tramitar na 6ª Vara Federal de Guarulhos. Mauro Cid, por sua vez, não fez uso do direito ao silêncio e falou aos policiais.
O inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF)
VERSÃO SOBRE RECOMPRA DO RELÓGIO
Em março de 2023, o advogado Frederick Wassef viajou a Miami, nos Estados Unidos, para recuperar um relógio Rolex do ex-presidente, vendido pelo general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, braço-direito do ex-chefe do Executivo. Wassef teria pago o equivalente a R$ 346.983,60, com o objetivo de entregar o relógio ao Tribunal de Contas da União (TCU).
– Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos. Eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos em um banco em Miami e eu usei o meu dinheiro para pagar o relógio. Então, o meu objetivo quando eu comprei esse relógio era exatamente para devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República – afirmou o advogado em coletiva de imprensa.