A denúncia da delegada de polícia aposentada Sidnéia Catarina Tobias, candidata a deputada federal pelo Podemos, contra Sérgio Murilo, presidente da Executiva Estadual do partido, parece ter inspirado outras mulheres que caíram no estelionato eleitoral armado pelos caciques da política em Mato Grosso do Sul para distribuição dos recursos do Fundo Eleitoral entre as candidatas mulheres. A empresária e produtora rural Irene Tozzi, de tradicional família de Dourados, está sofrendo na pele o mesmo mal que penaliza parte das candidatas do Podemos e também foi às mídias sociais denunciar o estelionato eleitoral praticado por Rodolfo Nogueira, presidente da Executiva Estadual do Partido Liberal, contra parte das candidatas mulheres. O modus operandi de Rodolfo Nogueira é o mesmo de Sérgio Murilo, qual seja, repassa a maior parte dos recursos para os candidatos e candidatas que leem na mesma cartilha deles em detrimentos das demais candidaturas, em total afronta à legislação eleitoral. A Emenda Constitucional 117 obriga os partidos políticos a destinar no mínimo 30% dos recursos públicos para campanha eleitoral às candidaturas femininas e a distribuição deve ser proporcional ao número de candidatas. Detalhe: a cota vale tanto para o Fundo Especial de Financiamento de Campanha, também chamado de Fundo Eleitoral, como para recursos do Fundo Partidário direcionados às campanhas. A Malagueta apurou que o estelionato eleitoral aplicado por Rodolfo Nogueira e Sérgio Murilo se repete na grande maioria dos partidos políticos que estão na disputa eleitoral em Mato Grosso do Sul, onde um grande número de candidatas mulheres acabou atraída para compor chapa e os repasses para campanha ficaram apenas na promessa. Vai vendo!
Desabafo de Tozzi
Abandonada pela Executiva Estadual do PL, a ruralista Irene Tozzi usou as redes sociais para denunciar: “o Fundo Eleitoral é por Lei o dinheiro destinado à campanha eleitoral de todos os candidatos!!! Nós bolsonaristas somos contra da forma que está, pois não serve de igual modo à todos para custear campanha eleitoral! No PL-MS não serve para custear todos, mas sim alguns. Estou muito triste e inconformada com esta lamentável situação. Eu só quero entender o porquê desta injustiça. Seis candidatos aqui no PL-MS não receberam nada x nada. Fui convidada para fazer parte deste pleito pelo presidente do PL-MS, Rodolfo Nogueira, e me encontro agora nesta situação, sem fundo eleitoral, sem dinheiro para fazer uma campanha decente e ainda tenho que contratar advogado e contador para prestar contas de um dinheiro que nem entrou na minha conta”.
Decepção com o PL
No texto postado na rede social Instagran, Irene Tozzi não esconde a decepção com a Executiva Estadual do Partido Liberal, sobretudo com o presidente Rodolfo Nogueira. Ela posto: “Realmente fui alertada que a política é suja e sorrateira, mas eu jamais acreditava que seria assim, logo de início do pleito no próprio Partido Liberal! Então, que injustiça é essa? Que Fundo Eleitoral é esse? Quem ganha com essas discrepâncias na distribuição do Fundo Eleitoral? Já conversei e conversei e conversei com a cúpula do PL-MS e nada. Então estou aqui contando pra vocês esta triste realidade!”.
Privilégio de Rodolfo
Não satisfeita em denunciar o estelionato eleitoral em texto no Instagran, Irene Tozzi também postou vídeos onde denunciou que enquanto ela e mais meia dúzia de candidatos pelo Partido Liberal não receberam qualquer repasse do presidente do PL, Rodolfo Nogueira, a candidata a deputada estadual Raquelle Lisboa Alves, ou Raquelle Trutis, recebeu R$ 1 milhão para a campanha. Detalhe: Raquelle é esposa do deputado federal Loester Trutis (PL), o mesmo que na campanha de 2018 fazia discurso contra à reeleição e contra o uso do Fundo Eleitoral, mas que agora busca mais um mandato em Brasília e se esbalda com o dinheiro público que é administrado por Rodolfo Nogueira. Pelo jeito a ideologia e os princípios dessa gente não resistem ao primeiro cifrão!!! Vai vendo!
Mulheres Prejudicadas
Cabe lembrar que a primeira vítima do estelionato eleitoral contra mulheres na campanha deste ano em Mato Grosso do Sul foi a empresária douradense Maísa Uemura, que se lançou candidata a deputada estadual após receber do União Brasil a promessa que teria recursos para a campanha e acabou passando vergonha. Como de boba não tem nada, Maísa Uemura saltou do Titanic antes que ele afundasse de vez e foi ser suplente de senador na chapa encabeçada pelo ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O golpe se repetiu contra a Delegada Sidnéia, Irene Tozzi e mais de duas dezenas de mulheres que acreditaram na conversa fiada dos presidentes de partidos. Será que o Ministério Público Eleitoral fará ouvidos moucos para esse estelionato ou vai responsabilizar esses caciques picaretas?
Estelionato Nacional
O estelionato eleitoral que os caciques estão aplicando nas candidatas mulheres em Mato Grosso do Sul se repete em parte no resto do país. Até ontem, nove dos 32 partidos políticos que receberam recursos do Fundo Eleitoral ainda não tinham repassado totalmente a verba mínima de 30% do fundo público que deveria ser destinado às candidaturas femininas. Para se ter ideia do descaso com a Lei Eleitoral, o PDT Nacional havia repassado apenas 21,98% do Fundo Eleitoral para candidaturas femininas. Os demais partidos que não tinham cumprido a lei até ontem são: PSC (29,82%), PT (29%), UP (28,58%), PSD (28,49%), Avante (27,07%), DC (26,39%), PSB (23,5%) e PL (23,46%).
Mulheres na Política
Ainda que os caciques estaduais insistam em penalizar as mulheres, o sistema de cotas de candidaturas femininas tem ajudado a elevar a representatividade de mulheres na Câmara dos Deputados. Em 2014, por exemplo, apenas 46 das 513 cadeiras da Câmara Federal foram ocupadas por mulheres, número que saltou para 77 deputadas em 2018 quando a participação feminina passou a ser obrigatória para os partidos. Ainda assim, Estados conservadores como o Mato Grosso do Sul seguem fechados para a participação das mulheres na política. O governo do Estado nunca foi ocupado por uma mulher e nas eleições de 2018 todas as 24 cadeiras da Assembleia Legislativa foram ocupadas por homens.
Chantagem Eleitoral
Veja essa: candidato a deputado federal tentou capitalizar financeiramente a declaração do presidente Jair Bolsonaro no debate da Rede Globo de Televisão, quando o atual chefe do Palácio do Planalto pediu voto no Capitão Contar, para bater às portas de Eduardo Riedel e, na cara de pau, fazer chantagem para continuar apoiando a candidatura do PSDB ao governo de Mato Grosso do Sul. O candidato, que é inimigo do regime alimentar, vive desfilando um discurso moralidade, ético, probo e íntegro em favor da família, da vida, da liberdade e da pátria, mas não pensou duas vezes para chantagear quem esteve ao lado dele durante toda campanha eleitoral. Vai vendo!
Retrato de Domingo
A pesquisa realizada pelo Instituto Real Time Big Data, junto 1.000 eleitores, entre os dias 28 e 29 de setembro, com margem de erro de 3% pontos percentuais para mais ou para menos e registrada junto ao TRE-MS sob o número MS-02982/2022, aponta que se as eleições fossem hoje Eduardo Riedel (PSDB) e André Puccinelli (MDB) iriam disputar o segundo turno na corrida pelo governo do Estado. Na pesquisa estimulada, Riedel e Puccinelli aparecem com 20% das intenções de voto. O terceiro lugar na preferência do eleitor tem empate entre a deputada federal Rose Modesto (União Brasil) e o Capitão Contar (PRTB), ambos com 15%, enquanto o ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSB), aparece em quinto lugar com 14%.