Home Bastidores Escola tem papel fundamental no combate à homofobia, defende especialista

Escola tem papel fundamental no combate à homofobia, defende especialista

by Alexandro Zinho
Compartilhe

À CNN Rádio, o psiquiatra Daniel Mori afirmou que é preciso políticas claras para pais e alunos sobre combate à discriminação.

Imagine esse cenário: um garoto de 11 anos é discriminado e ofendido na escola pelos próprios colegas por brincar mais com meninas do que com meninos. O que os pais devem fazer? Qual é o papel da escola nesse contexto?

Aulas presenciais em São Paulo.Rovena Rosa/Agência Brasil.

Em entrevista à CNN Rádio, o médico psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Daniel Mori, explica que, se o comportamento da vítima mudou após as agressões – está mais introspectiva, mais isolada, desatenta -, a primeira coisa que os pais devem fazer é procurar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra. “A gente fala muito sobre depressão em adultos, mas crianças e adolescentes também deprimem”, afirmou Mori.

Para o psiquiatra, os pais e educadores precisam ter cuidado na condução do problema. “Precisamos tomar cuidado extremo para não cometermos o erro mais clássico, de penalizar a vítima”. Essa penalização acontece quando os responsáveis pela criança pedem para que a vítima mude o seu comportamento, por exemplo, o que também pode levá-las ao isolamento e à depressão.

Na avaliação do especialista, assim como a família, a escola tem papel fundamental no combate à homofobia. Em relação à vítima, é preciso ajudá-la com suporte psicológico e orientar os pais ou responsáveis sobre o que está acontecendo. Por outro lado, quanto ao agressor, “é preciso ouvir a família [dele], tentar entender em que contexto aconteceu agressão”, explicou ele.

O que não pode, segundo Daniel Mori, é a vítima ser punida pelo colégio. “Já vi casos em que a criança que foi vítima do bullying foi convidada a se retirar da escola porque não fazia parte do ‘perfil do colégio’.

Nesse caso, a escola está deixando um recado e isso é absolutamente ruim, quando deveria ser o contrário”, afirmou. De acordo com o psiquiatra, a escola precisa deixar clara quais são as suas políticas de combate a qualquer tipo de discriminação.

“A criança tem que entender o que significa a palavra diversidade no seu conceito mais amplo, como a gente lida com a pessoa que é diferente da gente. É preciso deixar claro, quais são as palavras que a gente pode usar, quais não são legais de serem usadas”, disse. “Isso é trabalho sim da escola, principalmente quando isso não é feito em casa”, concluiu ele.

“A sociedade brasileira é extremamente binária, tem comportamentos bastante estereotipados do que é esperado de um menino e do que é esperado de uma menina. E parece que qualquer expressão de gênero que vai numa direção diferente do estereótipo, acaba gerando um certo desconforto, enquanto a criança e o adolescente estão no período de criar, de construir identidade, construir seus próprios gostos”, completou Mori.

Compartilhe

Esse site usa cookies para melhorar sua experiência. Nós assumimos que você ta ok com isso, porém você também não aceitar. Eu aceito. Não aceito.

Olá, como posso te ajudar?