A passagem do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), por Campo Grande hoje foi marcada por uma situação que nem a ciência política consegue explicar. Mesmo com elevado risco de ser derrotado ainda no primeiro turno pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inclusive amargando derrota em Mato Grosso do Sul, os pré-candidatos ao governo do Estado Eduardo Riedel (PSDB) e Capitão Contar (PRTB) se acotovelaram em busca de uma fotografia ao lado de Bolsonaro e ambos infiltraram repórteres chapa-branca para fazer a clássica pergunta: presidente, quem o senhor apoia para o governo em Mato Grosso do Sul? Como de bobo não tem nada, Bolsonaro preferiu responder com sorriso de Monalisa e fez cara de paisagem sobre o assunto, mas ao deixar a Base Aérea de Campo Grande preferiu levar Eduardo Riedel com ele no carro oficial da presidência da República. Para não ferir suscetibilidade, após a entrega de 300 moradias populares na Capita, Bolsonaro colocou a deputada federal Tereza Cristina Corrêa da Costa na garupa de uma motocicleta e foi participar da “motociata” organizada pelo povo do Capitão Contar, ou seja, manteve a dúvida sobre quem tem o apoio dele para o governo de Mato Grosso do Sul. Quem entende do riscado jura que o melhor mesmo é não contar com esse apoio, a partir do momento em que as pesquisas apontam um crescimento considerável da intenção de voto em Lula não apenas em Mato Grosso do Sul, mas em todo Centro-Oeste e Norte do país. A última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 23 de junho, por exemplo, mostra Luiz Inácio Lula da Silva com 47% das intenções no primeiro turno em todo o Brasil, enquanto o presidente Jair Bolsonaro aparece com 28%, de forma que considerando apenas os votos válidos, o que exclui votos brancos e nulos, Lula teria 53% e Bolsonaro 32% das intenções de voto se as eleições fossem hoje. O Instituto Datafolha ouviu 2.556 pessoas em 181 cidades de todo o país e a pesquisa, que tem nível de confiança da pesquisa 95%, foi registrada na Justiça Eleitoral com o número BR-09088/2022. Um importante indicativo que a disputa pelo apoio de Bolsonaro pode ser um tiro no pé, mesmo em um Estado conservador como o Mato Grosso do Sul, repousa no fato que as pesquisas apontam um crescimento constante de intenção de votos no ex-presidente Lula, de forma que é muito provável que o eleitor que escolher o petista para presidência da República não votará no candidato ao governo do Estado que seja apoiado pelo atual presidente. A própria Pesquisa Datafolha de 24 de junho aponta que nas regiões Centro-Oeste e Norte, o ex-presidente Lula aparece com 32% das intenções de voto, mesmo percentual atribuindo ao presidente Bolsonaro numa pesquisa que tem margem de erro de 4,9 pontos. Diante desse cenário fica a pergunta: será que os gênios da lâmpada que comandam a pré-campanha de Riedel e Contar já estão abrindo mão dos eleitores que irão votar em Lula e Ciro Gomes? Vai vendo!
Pesquisando no Estado
Antes de optarem pela babacão ao mito, esse povo deveria dar mais atenção às pesquisas de consumo interno que são realizadas todas as semanas e, também, aos levantamentos de intenção de voto em Mato Grosso do Sul que já foram publicados. Por exemplo, no dia 6 de junho a pesquisa do Instituto Ranking Brasil mostrou que o presidente Jair Bolsonaro tinha 35,2% das intenções de voto no Estado, aparecendo tecnicamente empatado com o petista Luiz Inácio Lula da Silva, com 33,5%. Com uma margem de erro de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos, índice de confiança de 95%, a pesquisa foi registrada no TSE sob os protocolos MS-09658/2022 e BR-06808/2022. A disputa pelo apoio de Jair Bolsonaro se justificaria se o presidente aparecesse com 60%, 65% ou 70% das intenções de voto em Mato Grosso do Sul, mas no cenário de empate esse tipo de coisa só favorece André Puccinelli (MDB), Marquinhos Trad (PSD) e Rose Modesto (União Brasil).
Números da Estimulada
O último levantamento estimulado da Ranking, que é quando os nomes dos candidatos são apresentados ao eleitor, mostram que colar em Jair Bolsonaro pode ser uma estratégia bisonha. Realizada antes do escândalo da prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e seus pastores e, também, antes da sacanagem do presidente da Caixa Econômica Federal com as funcionárias do banco, a pesquisa Ranking apresentou Jair Bolsonaro com 35,2% das intenções de voto, seguido por Luiz Inácio Lula da Silva com 33,5%, Simone Tebet (MDB) com 4,2%, Ciro Gomes (PDT) com 3,5%, André Janones (Avante) com 1%, Luciano Bivar (União Brasil) com 0,3%. Os votos nulo/branco/nenhum ou não respondeu somam 22,3%.
Números da Espontânea
Os números da pesquisa Ranking espontânea, que é quando os nomes dos candidatos não são apresentados ao eleitor, também apontam Lula colado em Bolsonaro em Mato Grosso do Sul. Pela pesquisa espontânea, Jair Bolsonaro tem 28%, seguindo por Luiz Inácio Lula da Silva com 26,3%; Simone Tebet com 2,4%; Ciro Gomes com 2,1%; André Janones com 0,4%; Luciano Bivar com 0,1%. Nesse cenário, o percentual de nulo/branco/nenhum ou não respondeu ficou em 39%, ou seja, de cada 100 eleitores de Mato Grosso do Sul quase 40 não sabem em quem votar, votarão em branco ou vão anular o voto. De qualquer forma, os números revelam que colar em Bolsonaro uma candidatura ao governo do Estado pode custar a ida ao segundo turno no dia 2 de outubro.
Emedebista de Bolsonaro
O ex-governador André Puccinelli (MDB) nem deu às caras na recepção ao presidente Jair Bolsonaro hoje, em Campo Grande, mas se quisesse poderia ter mandado como representante o deputado estadual Renato Câmara (MDB), bolsonarista de carteirinha e comprometido em pedir voto em favor do atual presidente mesmo com seu partido tendo lançado a senadora Simone Tebet para disputar a presidência da República. No começo da semana, por exemplo, Renato Câmara foi saborear um tradicional pão de queijo em uma lanchonete na região do Água Boa e não apenas defendeu a reeleição de Bolsonaro, como participou de live pelo Facebook com o staff do presidente. É mole?
Mistério na Agepen
Servidores da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) em Dourados estão intrigados com a promoção de uma policial penal para um cargo ou função que não existe. Lotada no Patronato, a moça ganhou um plus de quase R$ 3 mil nos salários, elevando os vencimentos para quase R$ 9 mil mesmo continuando exercendo as mesmas funções. Os policiais penais que acessaram o Portal da Transparência encontraram a rubrica de remunerações eventuais de R$ 2.964,50 no salário da colega e chegaram a desconfiar que a policial penal havia sido promovida para direção da Central Integrada de Alternativas Penais (CIAP) de Dourados. Quando foram checar, descobriram que a tal da CIAP existe apenas em Campo Grande e foi inaugurada no dia 30 de novembro de 2021, com o desafio de promover a política de desencarceramento e intervenção penal mínima.
Preparativos para a CIAP
Será que a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário está preparando a instalação da Central Integrada de Alternativas Penais em Dourados e começou pelo aumento do salário da futura diretora? Tomara que a inauguração da CIAP ocorra com a mesma celeridade que deram para o salário da policial penal, mesmo porque o projeto é oportuno para aliviar a superlotação da Penitenciária Estadual de Dourados (PED), projetada para abrir pouco mais de 700 homens e que conta hoje com cerca de 2.600 internos, bem como o Presídio Semiaberto de Dourados. Com a palavra, o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves.
Central Integrada
De qualquer forma, é lamentável que a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul não possa contar com sua Central Integrada de Alternativas Penais, um projeto liderado pelo Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e pelo Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o Tribunal de Justiça. O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) tem destacado que a CIAP é uma das ferramentas mais potentes na execução, pois dá ao juiz segurança na aplicação da pena, já que a unidade é gerenciada por uma equipe multidisciplinar, com monitoração efetiva e orientações para que não haja sensação de impunidade ao terem suas penas substituídas.