Queda é menor que os 20% anunciados pelo governo, mas, segundo economistas, ainda assim a expectativa é de um efeito em cadeia, com redução em serviços e produtos industrializados.
Com o início da bandeira verde, que começou a vigorar no último sábado (16), a conta de luz residencial do brasileiro deve reduzir cerca de R$ 21 ao final de cada mês, já a partir de maio. O valor representa algo em torno de 10% a 12% a menos na cobrança e é menor do que os 20% anunciados pelo governo federal.
Os dados foram calculados pelo economista Alberto Ajzental, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que levou em consideração o consumo médio mensal dos lares brasileiros, que é de aproximadamente 150 KWh.
Até o dia 15 de abril, a bandeira de escassez hídrica, a mais cara de todas as tarifas, estava em vigor e acrescentava R$ 14,20 a cada 100 KWh consumidos.
Com o fim dessa cobrança, a expectativa é que a conta de luz ainda traga impactos positivos na inflação.
Segundo o economista André Braz, também da FGV, o fim da bandeira deverá ter recuo de 0.30 ponto percentual no IPCA (Índice de preços ao consumidor) de abril, que pegará apenas duas semanas da nova tarifa.
Já de acordo com Ajzental, a projeção é de recuo de 0,6% na inflação em um mês cheio e isso já deve ser sentido a partir de maio.
A energia elétrica residencial faz parte de um subitem de habitação e, atualmente, tem um peso de 4,95% no IPCA, contribuindo para elevar a inflação.
Além do valor mais baixo nas contas de luz residenciais, a expectativa também é de alívio para prestadores de serviços e para a indústria. O efeito em cadeia é a provável redução nos preços destes segmentos.
André Braz destaca que a inflação de bens duráveis, como televisão, fogão, eletrodomésticos, computadores e carros, tem relação direta com os custos do setor industrial, que teve aumento em função do elevado preço da energia.
“A primeira coisa é que essa queda na tarifa trará um impacto relevante para as famílias. Mas, a longo prazo e de forma indireta, a queda na conta de luz vai atingir a atividade industrial que se refletirá nos bens duráveis e nos prestadores de serviços. A energia é uma parte de custos desses setores. Então se a energia fica mais barata, o setor industrial tem uma pressão de custos menor”, explicou Braz.
No entanto ele adverte que, apesar da boa notícia, além da energia, esses setores também possuem outros custos, como commodities e combustíveis, que podem segurar a queda nos preços finais.
Impactos em famílias de menor renda
No acumulado dos últimos 12 meses a energia elétrica teve alta de 28,52%. O GLP, ou o gás de cozinha, aumentou 29,56% no acumulado, segundo os dados da FGV.
Estes custos fazem parte do grupo “Habitação” no índice de preços ao consumidor e foi responsável pela maior pressão inflacionária para as famílias de renda mais baixa.
Ainda de acordo com dados da FGV, nos últimos 10 anos a energia elétrica vem pesando cada vez mais. Nesse período, enquanto o IPCA cresceu numa média anual de aproximadamente 6%, a eletricidade aumentou a 8,5% ao ano.
Caso não haja reajustes significativos no custo do quilowatt-hora (KWh), a tendência é de que ocorra, de fato, um alívio para as famílias em relação as contas de luz.