Sem qualquer representatividade na bancada federal de Mato Grosso do Sul desde 2018, quando os eleitores douradenses preferiram dar quase 50 mil votos para nomes que não têm qualquer compromisso com o município, Dourados terá a chance de se redimir nas urnas nas eleições deste ano. Nunca é demais lembrar que em 2006 o município elegeu Marçal Filho, Geraldo Resende e João Grandão para a Câmara dos Deputados e que nos anos seguintes toda região foi beneficiada pela construção de milhares de casas populares; dezenas de unidades de saúde; milhares de quilômetros de pavimentação asfáltica; milhares de quilômetros de expansão das redes de coleta de água e esgoto; além de obras de infraestrutura importantes como a duplicação da BR-163 entre Vila Vargas e a Embrapa Agropecuária Oeste; Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD); recuperação de toda pista da BR-463 entre Dourados e Ponta Porã, para ficar apenas nesses exemplos. Sem representação na bancada federal, Dourados praticamente não recebeu investimentos nos últimos 3 anos e as poucas obras federais que ainda aconteceram foram asseguradas no último mandato de Geraldo Resende (2014/2018). A Malagueta fez as contas e constatou que a culpa pela falta de representatividade em Brasília é do próprio douradense, que prefere votar em candidatos paraquedistas ao invés de confiar naqueles que estarão aqui pelos próximos quatros anos e poderão ser cobrados. Em 2018, por exemplo, Dourados tinha 156.373 eleitores aptos para o voto, mas quando a apuração acabou constatou-se que 21,90% desse total não compareceram às urnas, ou cerca de 32 mil douradenses deram de ombro para o direito de escolher seu representante. Detalhe pequeno: grande parte desses fujões das urnas, lotam as padarias e bocas malditas hoje para criticar a classe política local. O cara não vota e depois reclama. Vai vendo. Dos 156.373 cadastrados para votar em 2018, apenas 105.140 validaram o voto, com o Tribunal Regional Eleitoral registrando 8.083 votos m branco, o que representou 6,62% do total dos votos válidos, e 8.908 votos nulos, representando 7,29% do total de votantes. Em 2018, Dourados teve 12 candidatos locais na disputa pela Câmara Federal e não elegeu ninguém, conforme a apuração oficial pela ordem de votação: Geraldo Resende (PSDB) recebeu apenas 12.037 votos, resultado muito aquém do esperado e que lhe custou o mandato; Alan Guedes (DEM) recebeu 8.742 votos; George Takimoto (MDB) recebeu 8.587 votos; Cido Medeiros (DEM) ficou com 7.165 votos; Gleice Jane (PT) levou 6.450 votos; Marcelo Mourão (DEM) recebeu 6.022 votos; Keliana Fernandes (PROS) obteve 3.601 votos; Fábio Luiz (PSC) ficou com 2.669; Zelia Nolasco (MDB) conquistou 1.782 votos; Antônio Neres (Podemos) recebeu 1.659 votos e Marisvaldo Zeuli (PPS) ficou com 1.393 votos. Na mesma eleição, os candidatos paraquedistas lavaram a égua em Dourados! A candidata Tereza Cristina Corrêa da Costa (DEM), por exemplo, embolsou 4.458 votos somente em Dourados, enquanto o anônimo Luiz Ovando (PSL) levou 3.683 votos dos douradenses para ficar todo esse tempo sem fazer nada.
Douradense Bonzinho
A generosidade do eleitor douradense com os candidatos de fora não tem limite. Veja, por exemplo, o que aconteceu com o vendedor de lanche Tio Trutis (PSL), que nunca comprou nem um hotdog prensado no Hélio Lanches, mas levou 2.936 votos dos douradenses. Detalhe: eleito por Campo Grande, Trutis não votou à cidade nem para fazer curso de disparo de arma de fogo com o Jorginho do Jegue. Se tivesse feito o curso, saberia como o então candidato Ari Artuzi conseguiu meter bala no próprio carro, na estrada para o Distrito de Panambi, e ainda ganhou votos com a atentado fake, enquanto o chapeiro de Campo Grande está enrolado com a Justiça Federal.
Até o Rabo de Cavalo
O douradense tem fama de bairrista e adora desfilar o discurso de apaixonado pela cidade, mas na hora de teclar o número na urna e apertar o confirma a realidade tem sido diferente. Nas eleições de 2018, por exemplo, o candidato Dagoberto Nogueira (PDT) – que durante o governo de Ari Artuzi havia dito em alto e bom som que Dourados parecia rabo de cavalo, porque só crescia para baixo – acabou levando 990 votos na terra de Marcelino Pires. Pelo jeito, 990 eleitores concordavam com o candidato na época e resta saber se o Dagoberto Rabo de Cavalo Nogueira, agora no PSDB, vai conseguir tirar votos dos douradenses nas eleições deste ano.
Federais Paraquedistas
Mas não foi somente o Rabo de Cavalo, Tio Trutis, Luiz Ovando e Tereza Cristina que fizeram a festa nas urnas douradenses na eleição para deputado federal em 2018 não. O petista Vander Loubet armou um esquemão na cidade e levou 2.796 votos, mesmo sendo um mero turista. E o que dizer então do tal Beto Pereira (PSDB), que o douradense nunca viu mais gordo e, ainda assim, acabou enchendo um balaio com 2.329 votos? Na mesma esteira surgiu Rose Modesto (PSDB), que tal como Beto Pereira ignorou a candidatura caseira de Geraldo Resende (PSDB) e tirou 2.205 votos do colega tucano. O advogado Fábio Trad (PSB), mesmo sem assinar uma única ação na Comarca de Dourados, levou 1.078 votos douradenses e nunca mais ninguém viu a cara do sujeito.
Paraquedistas Votados
Mas não foram apenas os eleitos que avançaram sobre as urnas douradenses. Candidato com nome famoso, como Odilon de Oliveira Filho (rebento do ex-juiz Odilon) conseguiu levar 1.297 votos dos douradenses pegando carona na popularidade do papai que estava na disputa pelo governo do Estado, enquanto o anônimo Elizeu Dionízio (PSB) abocanhou 1.220 votos. Vamos combinar! Quem é Elizeu Dionízio na fila do pão para receber 1.220 votos dos eleitores douradenses? Apareceu até um tal Zé da Viola (PSL) que arranhou uns acordes por aqui e arrematou 1.268 votos para depois ir tocar em outra freguesia, já que ninguém nunca mais ouviu falar do cantor.
Paraquedistas Anônimos
A farra foi longe em Dourados nas eleições de 2018, com os seguintes anônimos faturando entre 100 e 780 votos para deputado federal: Tenente Monaco, Carla Stephanini, Professor Jaime, Priscila Baggio, Fabrício Venturoli, Gel Faccina, Ilmar Mamão, Guto Scarpanti, Agnes Viana, João Lucas, Enfermeira Cida Amaral, Tiago Vargas, Profª Ordalia, Valdinir Nobre, Jairo Arruda, Renee Venancio, Devane, Sandra Cassone, Amanda Bileski, Professor André, Daniela Fernandes, Nenão, George Motoqueiro, Júnior do PT, Prof. Eduardo Ferrufino, Paulo Salomão e Machado do PT. A maioria que votou nesse povo, hoje fica aí lamentando o fato de Dourados não ter representante na bancada federal. Vai vendo!
Destruindo Geraldo
Engana-se quem pensa que a baixa votação de Geraldo Resende nas urnas douradenses tenha sido por culpa exclusiva dos candidatos paraquedistas. Geraldo foi, na verdade, alvo da engenharia de destruição de Murilo Zauith (DEM), então candidato a vice-governador na chapa de Reinaldo Azambuja (PSDB). Zangado com o fato de Geraldo Resende ter denunciado falhas na gestão da saúde perante a Controladoria-Geral da União (CGU) e ao Tribunal de Contas da União (TCU), na época em que fora prefeito, Murilo Zauith financiou as candidaturas de Alan Guedes (8.742 votos), Cido Medeiros (7.165 votos), Marcelo Mourão (6.022) votos, Keliana Fernandes (3.601) e Tereza Cristina (4.458 votos). Soma aí! Soma!
Demolindo Adversários
Com essa engenharia de demolição, Murilo Zauith tirou de circulação mais 30 mil votos para deputado federal e reduziu a votação de Geraldo Resende em Dourados para apenas 12.037 votos, contra uma expectativa de cerca de 30 mil votos em 2018. Na eleição anterior, em 2014, Murilo já havia feito o mesmo com Marçal Filho. Sabe-se lá porque, ele bancou as candidaturas a deputado federal de Marcelo Mourão (12.835 votos), do ex-juiz de Direito Ailton Stropa Garcia (7.196 votos), do empresário Geraldo Sales (4.971 votos) e do professor Water Horas (2,887 votos), tirando mais de 27 mil votos de circulação e impedindo a eleição de Marçal para a Câmara dos Deputados. Vai vendo!