Começou a temporada de caça ao voto em Dourados. Com um colégio formado por 134.974 mil eleitores, a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul fica atrás apenas de Campo Grande, que tem 623.051 eleitores de acordo com os números mais recentes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O fato é que os candidatos de fora, os famosos paraquedistas, vão saltar em Dourados nas próximas semanas para montar seus esquemas, currais e contratar as tais lideranças que sempre prometem muito e entregam pouco. Mesmo assim, candidatos de fora nunca deixam de esticar um olhar guloso para as urnas douradenses e muitos deles acabam se dando bem. Vejamos o que aconteceu nas eleições passadas, na disputa pelas 24 cadeiras da Assembleia Legislativa. Entre os eleitos em 2018, por exemplo, o mais votado para a Assembleia foi o Capitão Contar, que concorreu pelo PSL e recebeu 78.390, número que não chegará nem na metade caso o Robocop da Caserna tente um segundo mandato para o mesmo cargo. Dos 78.390 votos, exatos 5.098 votos saíram das urnas de Dourados, ou seja, o eleitor optou por confiar o voto num sujeito que não voltou à cidade nem para agradecer, nunca realizou uma ação em favor do município, mas estará pelas terras de Marcelino Pires daqui algumas semanas em busca de votos, seja para tentar seguir na Assembleia ou para o governo do Estado, já que se lançou pré-candidato à sucessão de Reinado Azambuja (PSDB). Outro paraquedista que levou votos dos douradenses, deu calote com cheques sem fundo em alguns coordenadores e nunca mais ninguém ouviu falar foi o bicheiro Jamilson Name, eleito pelo PDT com 33.870 votos, sendo que desse total 817 saíram de urnas douradenses. Outro exemplo do poder dos paraquedistas foi o Coronel David, eleito pelo PSL com 45.903 votos, acabou levando um balaio com 1.916 votos douradenses e, tal qual o Robocop, virou um mero turista, sem qualquer ação concreta em favor do município. Pode anotar aí: ele vai votar em breve e levará outro balaio de votos. Até mesmo Onevan de Matos, eleito pelo PSDB com 30.813 votos arrumou um jeito de garimpar 419 votinhos em Dourados e iria repetir a dose neste ano se não tivesse falecido durante a campanha pela Prefeitura de Naviraí, já que por lá não seria eleito mesmo. E o que dizer do deputado Lídio Lopes, eleito pelo Patriotas com 27.877 votos, sendo 1.144 deles em Dourados? Depois das eleições de 2018 o agora primeiro-damo de Campo Grande nunca foi visto em Dourados, mas certamente contratará os mesmos chefes de currais para tentar levar novamente outros mil e tantos votos do município. Alguém aí já ouviu falar de um tal de Herculano Borges? O cabra é deputado estadual e foi eleito pelo Solidariedade com 17.731 votos, sendo que 1.504 deles saíram de urnas douradenses. É mole? O camarada de fora teve mais votos por essas bandas que o douradense Sargento Suco, que ainda recebeu 1.227 votos na tentativa virar deputado estadual pelo PSL. Vai vendo!
Paraquedistas Eleitorais
A saga dos paraquedistas continua. O cardeal Londres Machado foi eleito pelo PSD em 2018 com 20.782, sendo 898 de urnas douradenses. Menos mal que por ser da vizinha Fátima do Sul, ele entra na bancada da Grande Dourados, mas só mostra a cara por aqui de quatro em quatro anos, mesmo morando a pouco mais de 60 quilômetros. Mais modesto, o Professor Rinaldo foi eleito pelo PSDB com 24.593, sendo 531 votos em Dourados, seguido por outro não mesmo modesto Felipe Orro, eleito pelo PSDB com 27.661 e embolsando apenas 466 votos em Dourados. De voto em voto esse pessoal vai fazendo número e neste ano, sem coligação, o bicho vai pegar.
Paraquedistas Fracos
Ainda nas eleições de 2018, o petista Pedro Kemp foi eleito com 20.969 votos e levou somente 396 votos douradenses, seguido por outro petista, Cabo Almi que foi eleito com 21.121 e recebeu 348 votos em Dourados, resultado que poderia se repetir neste ano caso o deputado não tivesse perdido a guerra para a Covid-19. Naquele ano, o vereador Elias Ishy (PT) tentou chegar à Assembleia e recebeu 7.805 votos douradenses e apenas 229 votos em Campo Grande, numa prova que nossos paraquedistas são mais fracos que os deles.
Paraquedistas Humildes
Mas nem só de paraquedistas vive a política douradense, já que alguns eleitos para a Assembleia Legislativa em 2018 tiveram votação apenas simbólica em Dourados: João Henrique levou 74 votos, Eduardo Rocha embolsou 78 votos, Paulo Corrêa prospectou 90 votos, o radialista Lucas de Lima conseguiu ainda 100 votos e o lanterninha foi Evander Vendramini que levou tão somente 17 votos das urnas douradenses. Muito provavelmente esse povo virá com mais força para o interior nas eleições deste ano, já que o fim das coligações proporcionais obriga cada partido a lançar apenas 25 nomes na disputa pela Assembleia Legislativa, sendo que 8 dessas vagas devem ser ocupadas por mulheres. Espia só!
Deputados Douradenses
Os deputados douradenses também dão seus saltos em outros colégios eleitorais, mas a maioria prefere focar mesmo nos municípios da Grande Dourados, onde são mais conhecidos. Renato Câmara, por exemplo, foi um paraquedista voraz já que foi eleito com 33.291 pelo MDB, sendo apenas 9.375 de Dourados. O mesmo aconteceu com o deputado Zé Teixeira, eleito pelo DEM com 30.788, recebeu exatos 6.562 votos na terra de Marcelino Pires. O deputado José Carlos Barbosinha foi eleito com 27.492, sendo apenas 7.455 em Dourados. O deputado Neno Razuk foi eleito em 2018 pelo PTB com 19.472 votos e recebeu 6.845 votos dos douradenses, mesmo com a mãe Délia Razuk ocupando na época o cargo de prefeita.
Campeão de Votos
Agora vejam a diferença no percentual de captação de votos em outros colégios eleitorais quando se analisa os números referentes a eleição do radialista Marçal Filho na disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa em 2018. Marçal Filho percorreu um caminho inverso dos demais candidatos da bancada de Dourados. Sendo eleito pelo PSDB com 25.437, recebeu 19.021 votos exclusivamente de eleitores douradenses e se consagrou como o mais votado em Dourados, ficando a frente até mesmo de medalhões que gastaram um caminhão na disputa pela Câmara dos Deputados.
À Espera de Marquinhos
Mecânico de longa data no município de Ponta Porã, João Elias Batista, o popular João Baiano, entrou em contato com a Malagueta para informar que já está mobilizando um grupo para esperar o pré-candidato ao governo do Estado, Marquinhos Trad, aterrissar na Princesinha dos Ervais em busca de votos. João Baiano ficou arretado quando leu que o então prefeito de Campo Grande acionou o Ministério Público Estadual (MPE) para tentar impedir que a Secretaria de Estado de Saúde enviasse 80% das 207.050 doses da vacina Janssen (aquela de dose única) aos municípios de fronteira. “Se chegar aqui vai levar vaia e vamos lembrar do preconceito dele com os moradores da fronteira”, avisou João Baiano.
Trincheiras Tradistas
Agora imagina se os eleitores de Mundo Novo, Japorã, Sete Quedas, Paranhos, Coronel Sapucaia, Aral Moreira, Antônio João, Bela Vista, Caracol, Porto Murtinho, Corumbá e Ladário resolvem fazer a mesma coisa que o Zé Baiano e se organizam para receber o pré-candidato Marquinhos Trad durante a campanha eleitoral. Será que o ex-prefeito nunca imaginou que a tentativa de impedir moradores de 13 cidades da faixa de fronteira com o Paraguai e a Bolívia iria pesar negativamente numa eleição futura? Mas como diz um amigo de longa data: só louco para entender o que outro louco faz! Vai vendo!
Governador da Capital
Aliás, pela mensagem contida no vídeo e no jingle que marcou o lançamento da pré-candidatura de Marquinhos Trad, ele nem deve percorrer Mundo Novo, Japorã, Sete Quedas, Paranhos, Coronel Sapucaia, Aral Moreira, Antônio João, Bela Vista, Caracol, Ponta Porã, Porto Murtinho, Corumbá e Ladário em busca de votos, assim como não gastará sola de sapatos com os demais municípios do interior. O vídeo transmite a mensagem que Marquinhos quer ser mesmo é governador de Campo Grande e não de Mato Grosso do Sul. Certamente acredita que terá todos os 623.051 votos da Capital. Vai cair do cavalo!