Home Malagueta Sem coligação, muito candidato bom de voto ficará pelo meio do caminho 

Sem coligação, muito candidato bom de voto ficará pelo meio do caminho 

por Marcos Santos
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Não importa se será na disputa por uma das 24 cadeiras da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul e por uma das 8 vagas de deputado federal, o fato é que não será pequeno o número de candidatos que receberá um caminhão de votos para ir do nada para lugar algum. Cálculos mais otimistas, feitos com base no quociente eleitoral do Estado, apontam que o partido precisará de 55 mil votos para eleger um deputado estadual e, pasmem, 165 mil votos para eleger um deputado federal. Detalhe pequeno: cada partido poderá registrar apenas 25 candidatos no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na chapa de deputado estadual. Detalhe menor ainda: dos 25 escolhidos, 8 terão que ser obrigatoriamente mulheres para atender a lei de cotas femininas na política. E agora? Se para eleger um deputado estadual o partido precisaria de 55 mil votos, logo, para eleger dois de forma direta serão necessários 110 mil votos. A situação é quase de desespero para a legenda que sonha em eleger um deputado federal, já que terá que atingir a marca de 165 mil votos com apenas 9 candidatos, sendo que três terão que ser mulheres. De forma simplista, o partido para eleger 3 deputados estaduais precisaria atingir a soma de 165 mil votos com 25 candidatos ou ficar lá pela casa dos 150 mil e ser beneficiado pelo sistema de sobras partidárias. Diante dessas dificuldades, não será surpresa se pouco mais de 10 candidatos conseguirem a eleição direta para a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, com o restante das vagas sendo preenchidas pelo sistema de sobras. Agora pensa comigo: se para eleger três deputados estaduais o partido precisará cortar um dobrado, como fazer para eleger dois deputados federais diante da necessidade de conquistar 330 mil votos? É por isso que as negociações para troca de legenda estão a todo vapor nos últimos dias, mesmo porque deputados federais ou estaduais que pretendem trocar de partido político antes das eleições 2022 tem até o dia 1º de abril para aproveitar a janela sem correr o risco de perder o mandato por infidelidade partidária. Invenção da política brasileira, a janela partidária faz parte do Calendário Eleitoral e está prevista na Lei dos Partidos Políticos, quando foi regulamentada pela Reforma Eleitoral de 2015, após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que firmou o entendimento segundo o qual o mandato obtido nas eleições proporcionais pertence à agremiação e não aos candidatos eleitos. Os sabidões da política só não contavam com o fim da coligação proporcional, tanto que não é pequeno o número de deputados estadual de Mato Grosso do Sul que buscará uma nova legenda nos próximos dias.

Deputados sem Partido

Até a tarde de ontem, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul estava com o seguinte cenário em seu site oficial:  deputados sem partido: Coronel David, Felipe Orro e Jamilson Name. Assim como 80% dos colegas, os três devem estar analisando qual o melhor cenário para garantir mais um mandato nas urnas. Caso os 3 escolham a mesma legenda, apenas dois tomarão posse em janeiro de 2023.

Bancadas de Dois

Na bancada do PT estão Amarildo Cruz e Pedro Kemp, que juntos com os outros 23 candidatos precisarão somar 110 mil votos para seguir deputado. O mesmo ocorre com a bancada do Solidariedade, onde estão Herculano Borges e Lucas de Lima, bem como com a bancada do Progressista com Gerson Claro e Evander Vendramini, além da bancada do Democratas onde estão Zé Teixeira e José Carlos Barbosinha. Está certo que essa última bancada deixará de existir, já que a fusão do DEM com o PSL pariu o União Brasil e tanto Zé Teixeira quanto Barbosinha estão de malas prontas para deixar a barca.

Bancada Complicada

Analise agora a bancada do PSDB, formada por Mara Caseiro, Professor Rinaldo, Paulo Corrêa e Marçal Filho. Para que os quatro continuem deputados em 2023 o partido precisaria conquistar 220 mil votos ou cerca de 200 mil para eleger três diretamente e um na sobra partidária. Acontece que o PSDB está estendendo o tapete para o deputado Zé Teixeira, fazendo com que gente boa de voto fique inevitavelmente pelo meio do caminho.

Bancada Complicadinha

Também não está nada fácil a situação do MDB que já abriga na Assembleia Legislativa os deputados Marcio Fernandes, Renato Câmara e Paulo Duarte. Para o trio seguir deputando serão necessários 165 mil votos para eleição direta ou cerca de 150 mil votos para que um deles fosse beneficiado pelo sistema de sobra partidária. Agora pense comigo: que mágica o MDB fará para conseguir tantos votos num cenário onde o partido não consegue nomes com densidade eleitoral para compor a chapa? Vai vendo.

Deputados Solitários

Entre os deputados solitários na Assembleia Legislativa estão Capitão Contar (PSL), Londres Machado (PSD), Neno Razuk (PTB), Antonio Vaz (Republicanos), João Henrique (PL) e Lidio Lopes (Patriotas). Destes, é certo que o Capitão Contar, o Robocop da Assembleia, vai vazar do PSL para tentar, mais uma vez se eleger às custas do efeito Bolsonaro, bem como o cardeal Londres Machado vai saltar de banda do PSD para não ser vítima novamente do clã Trad. O deputado Neno Razuk também não quer nem pensar em ficar no partido comandado por Delcídio do Amaral e já decidiu pedir o boné.

Candidatos Debutantes

Nesse cenário todo candidato com potencial de 5 a 10 mil votos para a valer outro para os partidos que sonham em atingir o quociente eleitoral. Seduzidos por cifrões, muitos deles entrarão na disputa sabendo que servirão apenas e tão somente para fazer números em benefício do candidato mais cacicado do partido, ou seja, a política brasileira que já tinha os partidos de aluguel agora criou a impressionante figura do candidato de aluguel.

Candidato de Aluguel

Mantido o fim das coligações, aquelas figuras com potencial para encantar o eleitor acabará se especializando em vender votos a cada eleição, sempre focado em somar no partido para eleger aquele que já está no poder. O cara que conseguir 5 mil votos nessa eleição, por exemplo, não ficará desempregado na eleição seguinte porque o dono do partido vai olhar para ele como um importante captador de votos para se atingir o quociente eleitoral. Infelizmente, com a criação do famigerado Fundo Eleitoral, onde o dinheiro do contribuinte financia as campanhas políticas, não faltarão recursos para que essas legendas paguem bem para os seus candidatos de aluguel. Vai vendo!

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