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DENÚNCIA: Possível formação de cartel no setor de fertilizantes fosfatados concentrados

por Alexandro Zinho
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A Aprosoja Brasil recebeu uma denúncia de produtores e empresas importadoras sobre uma possível formação de cartel no setor de fertilizantes fosfatados concentrados.

Conforme a denúncia, o custo do fertilizante no país estaria até 100 dólares superior ao preço equivalente na Índia. Embora seja perceptível um aumento nos preços dos fosfatados em nível global, não há uma justificativa clara para essa discrepância de preços no Brasil.

Especialistas consultados pela Aprosoja Brasil apontam diversos fatores que podem explicar essa diferença nos preços dos fertilizantes fosfatados em relação aos demais. A China, um grande fornecedor mundial, impôs restrições nas exportações de ureia e fosfatos para controlar os preços internos e aliviar os custos para seus produtores locais, o que aumentou a pressão sobre a demanda.

Além disso, o aumento nos custos de energia, problemas logísticos e sanções também contribuiriam, em parte, para a alta dos preços, levando à busca por fornecedores alternativos em diferentes partes do mundo, como Egito e Arábia Saudita.

Entretanto, nenhuma dessas explicações consegue justificar os fenômenos observados no Brasil. O preço da tonelada do superfosfato triplo (TSP), que era em média US$ 420 no Brasil em maio de 2024, subiu para US$ 520 em agosto. No mesmo período, o produto foi comercializado na Índia a US$ 80 mais barato.

Conforme Maurício Buffon, presidente da Aprosoja, é comum encontrar variações nos preços dos fertilizantes. “Atualmente, o produtor de soja e milho possui uma relação de troca mais favorável para o potássio em comparação aos fosfatados. Estamos habituados a isso e sempre em busca do melhor preço possível. Porém, não conseguimos entender a disparidade nos preços do ‘super triplo’”, afirmou.

Fabrício Rosa, diretor executivo da Aprosoja Brasil, acredita que o momento é bastante desafiador. “A safra anterior foi decepcionante, com queda de preços e produtividade. E ao olharmos para o futuro, não vemos perspectivas melhores. A situação em Chicago continua pressionada e os custos de produção não diminuíram o suficiente para compensar a redução nos preços”, destacou.

Ainda segundo Buffon, a próxima etapa da entidade será realizar um estudo mais aprofundado e, dependendo das conclusões obtidas, levar uma denúncia ao CADE. “Não iremos aceitar que empresas que deveriam ser aliadas do produtor tentem explorar sua força econômica para obter vantagens indevidas, desrespeitando as leis brasileiras”, acrescentou.

Por último, Buffon enfatizou a importância de comparar os preços atuais dos fertilizantes com aqueles praticados durante a pandemia. “Quando os produtos foram adquiridos por um preço inferior na época da Covid-19, as empresas reajustaram os fertilizantes. Contudo, depois da pandemia, mesmo com a queda dos preços pagos pelos grãos no mercado internacional, os valores dos fertilizantes permanecem altos. As empresas lucraram consideravelmente.

Os relatórios financeiros dessas companhias mostram que as multinacionais apresentaram superfaturamento. E agora continuam mantendo um mercado fechado entre si, sem ajustar os preços desses insumos à realidade global”, finalizou.

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