Home Agronegócio Os impactos da irrigação na cultura da cana-de-açúcar para a safra de 2024/2025

Os impactos da irrigação na cultura da cana-de-açúcar para a safra de 2024/2025

por Alexandro Zinho
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A produção de cana-de-açúcar no Brasil enfrenta obstáculos climáticos e técnicos.

Como o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, o Brasil colheu aproximadamente 607 milhões de toneladas na safra de 2023/2024, conforme dados divulgados em 2024 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Apesar desse volume expressivo, a produtividade agrícola do país é considerada baixa, alcançando cerca de 73,61 toneladas por hectare (CONAB 2024), inferior à de países com menor tradição na cultura da cana, como a Colômbia, que apresenta uma produtividade média de 93 toneladas por hectare com uma produção total de apenas 23 milhões de toneladas.

O Brasil é um país tropical, marcado por chuvas frequentes e temperaturas elevadas. Contudo, essa não foi sempre a realidade. Nas regiões produtivas de cana-de-açúcar, o clima se divide entre períodos chuvosos e secas que podem durar pelo menos cinco meses, como ilustrado abaixo. Esse intervalo seco é essencial para a colheita; entretanto, prejudica nossa produtividade nas fases intermediária e final da safra. Isso ocorre porque a cana-de-açúcar exige um ciclo mínimo de crescimento de 12 meses e não se limita apenas aos cinco ou seis meses anteriores. (Figura 01)

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Figura 01. Precipitação mensal no Brasil ao decorrer dos meses

Citado por vários especialistas do setor, de todos os fatores de produção que contribuem com a produtividade da cana-de-açúcar, 50% é o clima, e como menos de 20% da área de cana-de-açúcar é irrigada com água, grande parte do sucesso da produção nacional fica à mercê das oscilações climáticas. O fator água fica tão evidente no ambiente produtivo da cultura que, na ilustração abaixo, pode-se observar a diferença da produtividade de cana-de-açúcar entre o seu potencial produtivo, sem déficit hídrico, e a média histórica da região, onde há a presença do déficit hídrico.

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Fonte: Monteiro & Sentelhas, 2014

Figura 02. Diferença de produtividade “Yield gap” entre o potencial produtivo da cana-de-açúcar com a média produzida

Já superamos a metade do período de moagem para a região Centro-Sul e, em algumas regiões canavieiras, já há mais de 90 dias sem uma chuva de grandes proporções, e isso já é percebido visualmente em vários canaviais. Com certeza, diminuindo a produtividade média, como comumente ocorre (Figura 03), e provavelmente gerando muita “dor de cabeça” ao setor agrícola para abastecer as usinas e uma insegurança à indústria pela possibilidade de ficar com a moagem ociosa.

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Fonte: Relatório Única 2024

Figura 03. Produtividade média de cana de açúcar no Brasil ao decorrer dos meses

Entretanto, usinas e produtores de cana-de-açúcar que investiram em irrigação, principalmente a irrigação por gotejamento, estão sentindo menos os efeitos da estiagem e demonstrando que é possível verticalizar a sua produtividade, mitigando os riscos dos efeitos climáticos.

Nas fotos abaixo, observamos, em várias regiões do país, empresas e empresários agrícolas que investiram na irrigação por gotejamento e já colhem resultados. Em alguns casos, com mais de 100% de aumento de produtividade.

Nas safras atuais, onde temos que ser cada vez mais competitivos em relação à produtividade e com isso vários outros atributos que estão ligados a ela, não existem mais espaço para erros. Se a tecnologia da irrigação existe, por que não adotá-la? Até quando seremos reféns da insegurança que o clima nos proporciona?

Eng. Agro. Daniel B. Pedroso, Especialista Agronômico Sênior da Netafim Brasil

Fonte: Netafim

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