A locadora de carros ASR Locação de Veículos e Máquinas recebeu um contrato no valor de R$ 19,8 milhões do governo petista da Bahia.
Antes de adquirir os lotes do leilão de arroz do governo federal, a ASR Locação de Veículos e Máquinas já havia vencido a licitação para fornecimento de milho pelo governo petista da Bahia seis meses atrás. Ambos os processos licitatórios foram realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), desde a publicação do edital até as etapas finais.
De acordo com informações do portal UOL, em dezembro de 2023, a ASR Locação de Veículos e Máquinas garantiu o contrato no valor de R$ 19,8 milhões para entregar 212 mil sacas de milho ao governo baiano como parte do programa Leilão pra Você.
A empresa em questão se tornou alvo de investigação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria Geral da União) após a revelação de que o leilão de arroz fora arrematado por ela, por uma comerciante de queijos e uma processadora de polpas de frutas, todas sem experiência no ramo da importação de arroz. A licitação acabou anulada.
“EMPRESA DE PRATELEIRA”
Para os investigadores, a ASR Locação de Veículos e Máquinas é considerada uma “empresa de prateleira”. Criada em 2019, ela veio expandido sua área de atuação e atualmente está autorizada a atuar com 22 atividades econômicas, muitas sem relações entre si.
Segundo documentos da Junta Comercial, apesar de ter como ramo principal o de locação de carros e máquinas pesadas, ela também está habilitada para serviço de bufê, obras de engenharia, instalação de ar-condicionado, recepção em repartição pública e eventos, e várias outras atividades.
Em dezembro, quando arrematou o leilão de milho, a empresa não tinha a atividade atacadista de cereais como uma das suas atribuições, tendo incluído esse serviço somente em 23 de fevereiro.
Já no caso do arroz, a ASR se habilitou para exercer importação e exportação de cereais e leguminosas 22 dias antes do certame, no qual foi contratada por R$ 112 milhões. Tanto na licitação de milho quanto na de arroz, a empresa foi representada por duas firmas que pertencem a um ex-assessor e ao filho do até então Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller (PP-MT). Ele acabou demitido após o caso vir à tona por meio da imprensa.
Ainda de acordo com o portal UOL, a ASR já teve oito sócios e fornece como endereço um espaço físico contratado por diversas empresas para reuniões ocasionais.
Atualmente, a empresa está no nome de Crispiniano Espindola Wanderley, que a adquiriu em 2021, quando seu capital valia R$ 5 milhões. Um ano antes, ele solicitou e recebeu auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia da Covid-19.
Procurada, a Conab disse que apenas “disponibilizou o serviço ‘Leilão Pra Você’ a pedido da Companhia de Desenvolvimento Regional da Bahia (CAR)”, e que não se responsabiliza “pelo cumprimento das obrigações, principais ou acessórias, que incumbam às partes ou às Bolsas que as representam”.
Já o CAR afirma que o edital foi executado pela Conab, “por meio de acordo de cooperação” e que “todas as sacas de milho já foram entregues pela empresa vencedora do edital e o milho já foi distribuído para o público beneficiário”.
Os demais envolvidos não quiseram se pronunciar.
Com informações: Pleno News