Pesquisadores destacam a importância do sistema de integração lavoura-pecuária para aumentar a produtividade e a estabilidade da soja em Mato Grosso do Sul.
Após três anos de estudos rigorosos, pesquisadores da Fundação MS concluíram que a integração entre lavoura e pecuária é uma estratégia eficaz para melhorar a produtividade e a estabilidade da soja em Mato Grosso do Sul. Os resultados do estudo, que comparou várias culturas durante o outono-inverno, indicaram que a Brachiaria brizantha, cultivar Piatã, proporcionou os melhores resultados tanto em termos de produtividade quanto de estabilidade da produção.
De acordo com Douglas de Castilho Gitti, pesquisador da Fundação MS, a integração entre lavoura e pecuária permitiu um aumento de 17% na produtividade da soja quando comparada a outras culturas utilizadas no período de entressafra. Entre as dez coberturas testadas, quatro delas incluíam a Brachiaria brizantha, que se mostrou mais eficaz em manter um solo propício para a soja, resultando em maior produtividade.
Além de melhorar a cobertura do solo, o uso do capim Piatã também contribuiu para a melhoria química do solo e a redução de nematoides, como explica Gitti. “O desenvolvimento do capim proporciona melhor fertilidade ao solo, aumentando a nutrição e o volume de raízes da soja”, ressalta o pesquisador. O uso do capim também permitiu uma redução significativa dos nematoides do gênero Rotylenchulus, que podem prejudicar o sistema radicular da soja.
Para Daniel Franco Pereira, presidente da Fundação MS e produtor rural, a integração lavoura-pecuária tem trazido resultados positivos há décadas. Ele compartilha que sua família adotou novas estratégias de integração ao longo do tempo, incluindo a utilização do mix de duas braquiárias, ruzizienses e Piatã, que resultou em um aumento de oito sacas por hectare nas últimas seis safras.
O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Luis Armando Zago Machado, com 27 anos de experiência no sistema de integração, acredita que os benefícios vão além da produtividade, destacando a estabilidade como um fator-chave. “O principal benefício é a estabilidade da produção”, afirma Zago, acrescentando que, embora a produtividade não seja sempre constante, os riscos para os agricultores são reduzidos graças ao sistema de integração.
Zago também destaca que o uso do capim e de gramíneas contribui para a melhora da estrutura do solo, aumentando a disponibilidade de água e nutrientes, o que, por sua vez, resulta em uma melhor biologia do solo. O pesquisador acredita que a integração é fundamental para o avanço da produção em Mato Grosso do Sul, especialmente em regiões com baixa fertilidade.
Para o futuro da agricultura no estado, Zago aponta que há pelo menos 4 milhões de hectares aptos para a soja que se beneficiariam do sistema de integração lavoura-pecuária. Ele conclui ressaltando que a integração é essencial para a expansão da agricultura em regiões com baixa disponibilidade de água e alta temperatura.
Fonte: Portal do Agronegócio