O Brasil negociou expressivos quatro milhões de toneladas de soja nesta semana. Este foi o melhor desempenho da comercialização, segundo explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, desde meados de junho, julho do ano passado, e refletiu não só uma considerável melhora dos preços da oleaginosa no país – com retomadas na Bolsa de Chicago, volta do patamar dos US$ 12, e uma melhora também dos prêmios -, mas também da necessidade do produtor de fazer caixa para a garantia de seus compromissos financeiros.
Deste volume, 90% se deu em negócios com a exportação e a maior parte para a China. Brandalizze detalha que “são volumes ‘espalhados’ para complementar negócios e navios, para embarques em abril, maio e junho”. Os movimentos melhoraram muito a originação da soja no país e tiveram apoio também de uma melhora dos prêmios nos últimos dias.
Desta forma, a semana vai terminando com indicativos nos portos que variama de R$ 122,00 a R$ 124,00 por saca no spot, abril, passando por algo entre R$ 125,00 e R$ 126,00 no maio, e intervalo de R$ 128,00 a R$ 130,00 para julho. Todavia, os melhores momentos foram registrados nesta quinta-feira (14), quando o julho, ainda como relata o consultor, testou até R$ 133,00 por saca, e o spot, R$ 127,00. “Esta quinta-feira foi o melhor dia”, diz.
Em entrevista ao Bom Dia Agronegócio desta quinta, o analista de mercado e diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira, afirmou que os preços da soja nos portos chegaram a registrar um aumento de até R$ 10,00 por saca em relação ao ‘fundo do poço’ testado semanas antes, algo como 40 a 45 dias.
“O pior já ficou para trás e agora estamos em processo de recuperação. E o mercado nesta semana, em específico, melhorou cerca de R$ 4,00 base porto, nos últimos sete dias corridos, o que vem distribuindo mais capacidade de pagamento aos compradores, aos originadores no interior do Brasil”, afirma. “Ainda há muita água para passar debaixo dessa ponte. Passamos pelo pior, porém, ainda existe muita turbulência”.
Por conta desta turbulência, tanto Pereira, quanto Brandalizze, afirmam que essas vendas mais volumosas são reflexos de situações pontuais e que se desenvolvem no mesmo ritmo em que os preços vão melhorando, paulatinamente. Afinal, com a conclusão das safras da América do Sul se aproximando, os olhos do mercado vão se voltando para o clima nos EUA e as primeiras notícias da safra 2024/25 dos Estados Unidos.
“Na semana que vem, o mercado vai começar a receber as projeções das empresas privadas sobre a área de plantio nos EUA. Se os números vierem alinhados com os do Outlook Forum, indicando mais soja e menos milho, o mercado pode ficar naquele ‘movimento serrote’, de sobe e desce. Se vier um aumento estimado maior na soja do que o USDA estima, podemos entrar em um novo momento de baixa em Chicago”, afirma o consultor da Brandalizze Consulting.
Assim, será necessário monitorar de perto o mercado para saber se novas oportunidades poderão ser registradas nos próximos dias. “A princípio, é um momento pontual”, diz.
Brandalizze acredita que mesmo nesta “montanha-russa” em que se encontra o comércio de soja no Brasil, março deverá se encerrar com cerca de 13 milhões de toneladas de soja exportadas. O início do mês já indica um recorde e pauta as próximas semanas. “Se continuarmos assim, é mais um recorde histórico”.
Nesta sexta-feira (15), os futuros da soja na Bolsa de Chicago trabalharam durante o dia todo no vermelho, porém, encontraram um fôlego no final da sessão e concluíram o dia subindo entre 3,25 e 4,25 pontos, levando o maio a US$ 11,98, o julho a US$ 12,13 e o agosto a US$ 12,10 por bushel.
Fonte: Notícias Agrícolas