Presidente da Famasul destaca a contribuição de homens e mulheres do agro para a preservação do Pantanal.
No dia intitulado pela Lei Estadual nº5.518 como Dia do Pantanal, a Famasul traz uma reflexão sobre pantaneiros, o agro e o meio ambiente. Muito se fala em preservar a maior planície alagável do mundo, com razão. São cerca de 15 milhões de hectares, sendo 64% da área localizada em Mato Grosso do Sul. É no Pantanal onde a natureza ensina a ser resiliente através das cheias, vazantes, chuvas e estiagens. Mas não se pode esquecer dos que vivem e preservam esse importante patrimônio natural da humanidade. O presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, reforça o apoio, confiança e respeito pela trajetória das famílias pantaneiras , que são o pilar do Pantanal. “Os pantaneiros, com quase 300 anos de história, conciliam sustentabilidade com a pecuária específica da região. A viabilidade econômica da atividade é o que dá sustentação à conservação ambiental. O Pantanal é, sem dúvida, o ecossistema mais protegido no Brasil, graças ao produtor pantaneiro, que convive com respeito e harmonia à natureza.”
Dados da Embrapa e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que 86% do bioma está preservado, sendo que, do total, 90% da área é de responsabilidade da iniciativa privada. “Sem a participação conjunta e a troca de experiência entre instituições, produtores e pesquisadores, não teríamos o uso de tecnologias que contribuem para preservação”, reforça.
Sobre a lei estadual do Pantanal, que atualmente está em construção, Bertoni esclarece que é preciso buscar equilíbrio. “Temos que ter um tripé social, econômico e sustentável. A discussão tem que ser ampla e tranquila. É necessário maturidade e diálogo para entender que as propriedades precisam ser viáveis economicamente para não tirarmos o homem pantaneiro de seu ambiente, onde vem fazendo a preservação”.
Gargalos da Infraestrutura para moradores
O bioma abriga 278 mil habitantes, o que equivale a 10% da população geral de MS e, apesar disso, a falta de infraestrutura e logística para o transporte da produção e, sobretudo, para o atendimento básico às famílias pantaneiras, reforça a importância da construção de estradas e acessos na região. Ribeirinhos, pescadores, trabalhadores rurais e caminhoneiros da região testemunham grandes dificuldades vivenciadas cotidianamente por eles. As estradas também são fundamentais para o acesso, por exemplo, a serviços de energia e internet, que geram oportunidade de emprego e renda.
O produtor pantaneiro de carne orgânica da Nhecolândia, Leonardo de Barros, destaca que as rodovias são vitais para a dignidade das famílias que lá vivem desde que não gerem qualquer impacto à natureza, que sigam todos os parâmetros da construção, do respeito aos cursos d’água, fauna e flora e legislações ambientais. “As estradas vão proporcionar exatamente o que falta para a comunidade da região, que é dignidade, que vem com escola, educação, saúde, e acesso mínimo. Proibir acesso a essa gente é desumano”.
O desenvolvimento dos municípios do bioma Pantanal é classificado como médio, considerando que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) apresenta resultado entre 0,500 e 0,799. Os municípios de Ladário, Coxim e Corumbá registraram IDH-M igual ou superior a 0,70, enquanto Miranda apresenta o menor índice entre estes municípios, 0,632. Todos os municípios estão abaixo do Índice médio do estado, que é de 0,729.
“Esses números que já mostram que temos que ter uma atenção especial para o Pantanal. Precisamos criar políticas públicas para proporcionar melhores condições de vida para essa população pantaneira. Precisamos, sim, discutir legislações, e é possível diagnosticar a execução do ESG dentro dessas propriedades para que esses dados também auxiliem na formatação dessas leis”, afirma Bertoni.
Por fim, ele complementa: “Os pantaneiros devem sempre ser ouvidos, pois eles foram os grandes responsáveis por preservar o Pantanal e por criar uma das culturas mais marcantes de nosso país. A preservação ambiental e a riqueza cultural são os insumos para o turismo na região. A manutenção desse esforço deve se dar por sistemas sustentáveis e produtivos, baseados no vasto conhecimento pantaneiro e na pesquisa científica.”.
Com informações: Assessoria de Comunicação Sistema Famasul